Randolfe: Câmara instalar comissão por anistia agora seria constrangedor

A instalação de uma comissão pela anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 logo após o atentado a bomba na praça dos Três Poderes seria algo "constrangedor" para a Câmara, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) em entrevista ao UOL News nesta sexta (15).

Líder do governo no Congresso, Randolfe disse não ser possível falar em pacificação do país, como discursaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus apoiadores, enquanto houver crimes sendo cometidos contra a democracia.

A esta altura, o bom senso impõe que esta dita comissão especial na Câmara sequer seja instalada. Até os partidários dela já se constrangem ao defendê-la. Imagino o constrangimento, a não ser daqueles que cambam para o lado do golpismo e se avizinham à delinquência. Até bolsonaristas se constrangem em sustentar esta posição.

Nesse momento, em nome do bom senso e do notório acontecimento, essa comissão sequer deveria ser instalada. Randolfe Rodrigues (PT-AP), senador e líder do governo no Congresso

Para o parlamentar, as explosões ocorridas em frente ao STF na última quarta (13) não devem ser tratadas como um fato isolado, pois refletiriam o ambiente da disseminação do discurso do ódio durante a gestão de Jair Bolsonaro.

Temos concepções de pacificação bem distintas. Ela não é possível com crime e delinquência. Em um Estado de Direito, crime e delinquência têm que ser tratados como tal. Quem os comete e atenta contra o Estado Democrático de Direito como o faz e como o movimento que está em curso há algum tempo tem que responder diante da Justiça. A pacificação se dá aí, com a punição aos crimes.

Nós queremos a conciliação há muito tempo, desde que o anterior presidente da República atentava contra a democracia e pela ruptura do Estado Democrático de Direito. O que aconteceu anteontem na praça dos Três Poderes não foi um ato isolado. A ação ainda está sob investigação, se foi algo isolado ou se houve investidores ou algo parecido.

Não é um fato isolado do ponto de vista da concatenação dos eventos. Nós temos a disseminação de uma rede de ódio no Brasil pelo menos nos últimos dez anos. Encastelada no poder da República entre 2019 e 2022, ela buscou incessantemente romper as instituições do Estado Democrático de Direito. Randolfe Rodrigues (PT-AP), senador e líder do governo no Congresso

Josias: Governo se mostra incomodado com ineficiência da inteligência da PF

O governo Lula está incomodado com a falha no sistema de inteligência da Polícia Federal, que não identificou a movimentação do autor das explosões ocorridas na praça dos Três Poderes na quarta (13), revelou o colunista Josias de Souza. Em conversa com um dos auxiliares do presidente, Josias apurou que a tranquilidade exibida por Francisco Wanderley Luiz tanto em postagens ameaçadoras nas redes sociais como ao transitar por Brasília intrigou o Planalto.

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É perturbadora a calma com que esse personagem transitou pelas redes sociais e pelas ruas de Brasília sem ser notado. Falei nesta manhã com alguém que assessora o presidente Lula no Planalto e há ali um estilhaço dessa explosão na frente do Supremo Tribunal Federal.

Esse auxiliar do Lula estava incomodado com o fato de o personagem ter transitado por tanto tempo nas redes sociais sem que a inteligência da polícia e dos órgãos do governo tenham conseguido captá-lo e chegado até ele antes das explosões.

A PF está trabalhando pesado neste feriado e fazendo a perícia no celular do homem-bomba. Já se verificou que ele trocava, difundia, repostava e produzia mensagens tóxicas nas redes sociais.

Neste momento, é um incômodo para o governo verificar que a inteligência da PF e de outros órgãos do governo e o próprio GSI [Gabinete de Segurança Institucional] não tenham detectado esse personagem. Josias de Souza, colunista do UOL

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Tales: Ataque ao STF é efeito retardado de 'bombas' nas falas de Bolsonaro

As declarações antidemocráticas de Jair Bolsonaro e os ataques do ex-presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal) influenciaram a ação do homem que detonou explosivos na praça dos Três Poderes na quarta (13), afirmou o colunista Tales Faria.

É realmente importante entender se ele agiu sozinho ou se houve outras pessoas envolvidas por ação ou omissão. Nós estamos vivendo no país com uma série de 'bombas' armadas. Essa foi uma de efeito retardado que estourou agora.

Desde que Bolsonaro tomou posse, várias 'bombas' foram detonadas. Ele chamou várias manifestações contra o STF, que eram verdadeiras 'bombas' com uma multidão, e xingava Alexandre de Moraes. Agora, fala em 'pacificar o país'. Moraes lembrou de uma, com aquele desfile de tanques da Marinha em frente ao Supremo.

Houve a invasão da sede da Polícia Federal no dia da diplomação do Lula. Houve a bomba armada em um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília por um sujeito que disseram depois ser um 'lobo solitário'. Mas ele estava seguindo um roteiro de 'bombas' que estavam sendo deflagradas até o 8/1. Há outras que foram ensaiadas.

O país está com várias 'bombas' armadas. Temos que tentar desarmá-las. Não pela anistia e nem pelas ameaças de novas investidas como essas que os bolsonaristas estão fazendo. Eles não estão pacificando o país. A mão dura da lei tem que agir sobre eles. Tales Faria, colunista do UOL

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