Kosovo acusa a Sérvia por ataque a canal essencial para abastecimento de água
Várias pessoas foram detidas neste sábado (30) em Kosovo, após uma explosão, nesta sexta-feira (29), que danificou um canal essencial para o abastecimento de água de milhares de moradores e de duas usinas termelétricas. As medidas de segurança em torno das centrais foram reforçadas.
O governo de Kosovo acusou imediatamente a Sérvia, que negou qualquer responsabilidade pelo ataque. O país nunca reconheceu a independência de sua antiga província, proclamada em 2008.
A explosão deixou um buraco em uma das paredes de concreto do canal Ibar-Lepenac, que fornece água potável para centenas de milhares de pessoas no norte de Kosovo e parte da capital, Pristina.
O abastecimento de água também é essencial para resfriar duas usinas termelétricas, que deixaria o país mergulhado na escuridão.
"Cerca de um quarto" do abastecimento de água já estava normalizado na manhã de sábado, anunciou o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, que visitou o local da explosão.
Ele anunciou várias prisões e mais uma vez acusou Belgrado. A polícia "realizou buscas e prisões" e "coletou testemunhos e evidências", disse. "Criminosos e terroristas terão que enfrentar a justiça e a lei. Responsabilizamos a Sérvia", acrescentou.
Em uma primeira declaração após uma reunião do Conselho de Segurança durante a noite, o governo kosovar já havia dito que "as indicações iniciais sugerem" que a explosão foi "organizada pelo Estado sérvio, que é dotado de capacidade para realizar um ataque criminoso e terrorista".
Nesse contexto, o Conselho de Segurança "aprovou medidas adicionais para fortalecer a segurança em torno de instalações e serviços essenciais, como pontes, transformadores, antenas, lagos, canais, etc." A área ao redor do canal está protegida desde a noite de sexta-feira pela KFOR, a força da Otan em Kosovo, disse a organização em um comunicado.
Alegações infundadas
O Ministério das Relações Exteriores da Sérvia rejeitou qualquer responsabilidade pela explosão deste sábado e condenou "com firmeza" este "ato inaceitável de sabotagem".
A Sérvia "nega qualquer envolvimento" e denuncia acusações "infundadas", "irresponsáveis" e "preocupantes", disse o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, também declarou em um comunicado enviado à AFP e em um vídeo postado no Instagram.
Essas "alegações infundadas visam manchar a reputação da Sérvia e acabar com os esforços para promover a paz e a estabilidade na região", disse ele.
Na rede social X, o ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Marko Djuric, deu a entender que o "regime" kosovar poderia estar "potencialmente envolvido" no ataque. A "destruição" do canal também foi denunciada "com a maior firmeza" pelo principal partido político dos sérvios do Kosovo, a Lista Sérvia, perto de Belgrado.
I condemn the attack on the water canal in Zubin Potok that is depriving considerable parts of Kosovo from water supply. I have already offered EU's help to Kosovo's authorities. The incident needs to be investigated and those responsible brought to justice.
? Aivo Orav (@AivoOrav) November 29, 2024
"Este ato vai contra os interesses do povo sérvio e pedimos à KFOR e à Eulex (a missão europeia de polícia e justiça) que realizem uma investigação urgente", disse o partido em um comunicado.
O chefe da delegação da União Europeia no Kosovo, Aivo Orav, denunciou em X "o ataque (...) que priva grande parte do Kosovo de água". "Já ofereci assistência da UE às autoridades do Kosovo. O incidente deve ser investigado e os responsáveis devem ser levados à justiça", acrescentou.
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Quero receberLíderes pedem que Kosovo e Sérvia "evitem escalada"
"Aqueles que sabotaram a infraestrutura essencial no Kosovo devem ser responsabilizados", disse Miroslav Lajcak, representante da UE para o diálogo entre Kosovo e Sérvia.
Os Estados Unidos, por meio de sua embaixada em Pristina, também condenaram "o ataque à infraestrutura crítica". A França fez o mesmo, pedindo uma investigação que "leve os responsáveis à justiça".
A Turquia pediu a todas as partes "que evitem a escalada" e ofereceu sua ajuda ao Kosovo. Embora condenando um "ato de sabotagem", o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, disse que era hora de a UE dar um novo impulso às negociações entre Kosovo e Sérvia, que nunca aceitou a independência de sua antiga província proclamada em 2008.
"O formato atual (das negociações) não produziu os resultados esperados e é hora de o diálogo ser tratado no âmbito das relações bilaterais entre a UE e Kosovo ou a Sérvia, ambos Estados independentes", escreveu ele no X.
As relações entre Belgrado e Pristina nunca regularizaram desde o fim da guerra em 1999. As tensões aumentaram, especialmente no norte do Kosovo, onde vive uma grande comunidade sérvia.
O ataque de sexta-feira segue uma série de incidentes no norte, incluindo granadas lançadas em um prédio municipal e uma delegacia de polícia no início desta semana. As eleições gerais devem ocorrer em 9 de fevereiro em Kosovo.
Com informações da AFP
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