Polícia é impedida de realizar buscas na sede do governo sul-coreano para investigar presidente
Novo episódio na crise política que atravessa a Coreia do Sul. A polícia alegou nesta quarta-feira (11) que estava sendo impedida de realizar buscas nos escritórios do presidente Yoon Suk Yeol, acusado de tentar impor a lei marcial no país há uma semana. Uma segunda votação por uma moção de impeachment contra o presidente Yoon Suk-yeol foi marcada pela oposição para sábado (14).
Após a denúncia da polícia, um porta-voz disse à AFP que os investigadores haviam "obtido acesso ao escritório de serviços civis" no complexo presidencial no centro de Seul. "No entanto, no momento não podem entrar no prédio principal devido às restrições de acesso impostas pelos oficiais de segurança da presidência", acrescentou. Inicialmente, uma "equipe especial de investigação" lançou a operação de busca "no gabinete presidencial, na Agência Nacional de Polícia, na Agência Metropolitana de Polícia de Seul e no Serviço de Segurança da Assembleia Nacional".
Yoon Suk Yeol surpreendeu o país ao impor a lei marcial de surpresa na noite de 3 para 4 de dezembro, antes de ser forçado a revogá-la seis horas depois, sob pressão do Parlamento e das ruas. Desde então, ele escapou por pouco de um pedido de impeachment, colocado em votação na Assembleia Nacional.
Tentativa de suicídio
Nesta quarta-feira, um funcionário da prisão informou que o ex-ministro da defesa Kim Yong-hyun, que estava em exercício na época da declaração da lei marcial, tentou cometer suicídio na prisão na terça-feira (10). Ele estava detido desde domingo, mas foi formalmente preso ontem, depois que a Justiça emitiu um mandado de prisão contra ele. Kim Yong-hyun havia pedido demissão em 5 de dezembro, um dia após a revogação da lei. Ele é acusado de desempenhar um "papel crucial em uma rebelião" e de cometer "abuso de poder para obstruir o exercício dos direitos".
"A responsabilidade total pela situação recai exclusivamente sobre mim", disse o ex-ministro da Defesa Nacional da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, na terça-feira, em uma declaração divulgada por seus advogados, indicando que ele estava 'profundamente arrependido'.
Cho Ji-ho, comissário-geral da Agência Nacional de Polícia, e o chefe da Agência de Polícia Metropolitana de Seul, Kim Bong-sik, também foram presos na madrugada de quarta-feira.
Sob investigação por "rebelião", o impopular presidente Yoon Suk-yeol, 63 anos, foi proibido de deixar o país, assim como o ex-ministro da defesa, o ex-ministro do interior e o comandante da tentativa abortada de lei marcial.
Nova moção de destituição no sábado
A principal legenda de oposição, o Partido Democrático, marcou uma segunda votação de impeachment do presidente Yoon Suk-yeol para sábado (14), de acordo com um porta-voz à AFP.
Se oito parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon apoiarem essa novo pedido, ele poderá ser adotado pela Assembleia Nacional.
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Reações da Coreia do Norte
Na manhã desta quarta-feira, a mídia estatal norte-coreana reagiu pela primeira vez. O "ato chocante do fantoche Yoon Suk-yeol, que está enfrentando um impeachment e uma crise de governança, declarando repentinamente uma lei marcial e brandindo sem hesitação as armas e facas de sua ditadura fascista, espalhou o caos por toda a Coreia do Sul", anunciou o governo de Kim Jong-un.
Constantemente frustrado por uma Assembleia Nacional majoritariamente oposicionista, Yoon Suk-yeol justificou sua decisão de impor a lei marcial com o desejo de proteger a Coreia do Sul das "forças comunistas norte-coreanas" e de "eliminar elementos hostis ao Estado".
Helicópteros e soldados foram enviados ao Parlamento para impedir que os parlamentares se reunissem e votassem a favor da revogação do decreto. No entanto, 190 deles conseguiram entrar e aprovar por unanimidade o fim do estado de emergência.
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Quero receberO ex-ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, foi acusado por parlamentares da oposição de ordenar o envio de drones para Pyongyang, em uma aparente tentativa de criar caos com o Norte, o que teria servido de pretexto para a proclamação da lei marcial. Esses parlamentares também o acusaram de pedir ataques aos locais de lançamento de milhares balões de lixo norte-coreanos, que têm sido enviados em direção ao Sul desde maio.
(RFI com AFP)
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