Acusada de atividade ilegal, Begoña Gómez, esposa do premiê da Espanha, presta depoimento

Depois de uma primeira audiência em julho, Begoña Gómez, esposa do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez se apresentou novamente nesta quarta-feira (18) ao juiz que investiga suas atividades profissionais. Gómez foi convocada em julho para contestar acusações de corrupção e tráfico de influência, mas exerceu seu direito de permanecer calada e não deu declarações.

Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri

A esposa de Sánchez chegou ao tribunal de Madri pouco antes das 10h no horário local (6h em Brasília) para depor diante do juiz Juan Carlos Peinado. Ela é suspeita de apropriação indébita de programas de informática criados para a Universidade Complutense, onde trabalhava e de "exercício ilegal" da profissão.

A associação "Hazte Oír" (em português, Faça-se ouvir), próxima da extrema direita, acusa Gómez de ter registrado em seu nome um "software" financiado por empresas privadas e destinado a um mestrado que coordenava no estabelecimento até o início do ano letivo de 2024. 

A esposa de Pedro Sánchez também é acusada de assinar especificações técnicas sem possuir a qualificação exigida para tal. 

Em entrevista ao jornal "El País", o advogado de Begoña Gómez, Antonio Camacho, explicou que sua cliente "não tinha nada a esconder". Segundo ele, Gomez não testemunhou antes porque faltava uma definição sobre o alvo da investigação. "Não houve nenhuma intervenção nos processos de licitação pública", disse Camacho.

A esposa do primeiro-ministro espanhol também negou os crimes de intrusão e apropriação indébita do software. "Ele assinou uma lista de prescrições técnicas seguindo as orientações da universidade. Mas não se apropriou de nenhuma marca", disse Antonio Camacho.

Outras denúncias e contexto político

Os processos contra Begoña Gómez não se restringem a essas acusações. Desde abril, ela enfrenta denúncias de corrupção e tráfico de influências feitas pelo sindicato "Manos Limpias" (Mãos Limpas), com apoio do partido de extrema direita Vox. No entanto, conforme publicado pelo jornal El País, o juiz responsável pelo caso ainda não encontrou provas concretas que sustentem essas alegações.

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As investigações ganharam destaque na política espanhola e chegaram a impactar diretamente Pedro Sánchez. Em abril, o primeiro-ministro anunciou um afastamento temporário de cinco dias para refletir sobre sua permanência no cargo. Desde então, Sánchez defendeu reiteradamente sua esposa, afirmando que ela é alvo de uma campanha de perseguição.

Novos depoimentos e próximos passos

Além de Begoña Gómez, outras figuras importantes prestarão depoimento nesta semana. Ainda nesta quarta-feira, será ouvido Juan José Güemes, presidente do Centro de Empreendedorismo e Inovação da IE Business School, que contratou Begoña em 2018 para dirigir o Africa Center da instituição.

Güemes passou a ser investigado após declarações consideradas evasivas sobre o currículo de Begoña na época da contratação. Ele negou que a nomeação tivesse sido influenciada pelo fato de ela ser esposa do chefe de governo.

Na sexta-feira (20), será a vez de Cristina Álvarez, assessora e assistente pessoal de Begoña Gómez. Ela deporá como testemunha. Documentos fornecidos pela defesa mostram que Álvarez participou de negociações relacionadas ao mestrado conduzido por Begoña na cátedra extraordinária da Universidade Complutense.

Com informações da AFP

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