França volta a registrar alta na emissão de gases de efeito estufa em 2024
A França aumentou suas emissões de gases de efeito estufa, principalmente durante o verão no hemisfério norte, entre junho e agosto de 2024, que foi o último trimestre do ano avaliado até agora. De acordo com o Citepa, o órgão de especialistas independentes responsável pela produção do balanço, a taxa de emissão de CO2 no país subiu +0,5% nesses três meses, em comparação com o mesmo período de 2023.
A França está fazendo o suficiente para se descarbonizar? Em 2023, as emissões de gases de efeito estufa caíram 5,8% em comparação com 2022, uma taxa alinhada com os compromissos que o país estabeleceu, mas, desde então, o ímpeto nesse sentido vem diminuindo.
No primeiro semestre de 2024, as emissões de CO2, metano e outros gases responsáveis pelo aquecimento global continuaram a cair, mas em um ritmo mais lento. E agora, no último trimestre avaliado, ou seja, em junho, julho e agosto, elas voltaram a subir..
A alta é resultado principalmente do crescimento de atividades no setor da construção civil, mas também no setor de transportes. Jáa a produção de energia e o setor industrial continuam a contribuir para a tendência de queda nas emissões, com uma taxa de -12,9% no terceiro trimestre.
No caso dos transportes, o aumento de 1,1% foi atribuído às emissões no tráfego rodoviário. A ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, em entrevista à rádio RTL na última sexta-feira (20), mencionou a possibilidade de endurecer as regras para a renovação das frotas. "As empresas compram duas vezes menos carros elétricos do que os indivíduos. Elas precisam se comprometer mais", afirmou.
Já o setor de construção foi o principal responsável pela alta no terceiro trimestre, com uma taxa de 11,8%. Essa tendência deve see confirmar devido ao frio precoce que levou ao maior uso de sistemas de aquecimento em edifícios residenciais e comerciais em setembro de 2024.
Por outro lado, o transporte aéreo doméstico registrou uma redução de 4,1% nas emissões no terceiro trimestre, ampliando a queda de 3,5% observada em 2023. A descarbonização da produção de eletricidade também continua avançando, com menor uso de combustíveis fósseis.
Na indústria manufatureira, as emissões seguem em queda, mas em ritmo mais lento: -1,3% no terceiro trimestre, contra -2,8% no segundo. Já no setor agrícola, o Citepa alerta que os dados são parciais e apontam uma quase estagnação (+0,3%) nos primeiros nove meses do ano.
Acordo de Paris
Essa é uma tendência ruim, em um momento em que a França deve fornecer à ONU, em fevereiro, uma proposta ambiciosa de redução de emissões para cumprir o estabelecido no Acordo de Paris. Em nível nacional, a transição ecológica também sofreu graves cortes orçamentários este ano.
A última vez que houve aumento nas emissões foi em 2021, com um salto de 6,4% impulsionado pela retomada pós-Covid.
"Baixar a guarda"
Embora não se espere um aumento significativo, 2024 deve apresentar um desempenho menos expressivo na redução das emissões de GEE. Esse ritmo mais lento "nos lembra que não podemos baixar a guarda", afirmou a ministra Agnès Pannier-Runacher. "Felizmente, ainda estamos na trajetória certa", acrescentou.
A ministra garantiu que, apesar do ritmo reduzido, a França não está atrasada em relação à meta de cortar 55% das emissões até 2030. "A tendência da média móvel de 12 meses é de -3,1%", informou o Citepa, que destacou que os dados ainda são provisórios e não incluem a absorção de CO2 pelos sumidouros de carbono, como florestas e solos. Esses sumidouros, essenciais para alcançar os objetivos climáticos, estão gravemente degradados pelo aquecimento global e pela poluição.
(Com AFP)
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