Partido da esquerda radical francesa vai apresentar projeto para tentar barrar acordo UE-Mercosul
A líder na Assembleia Nacional francesa do partido de esquerda radical A França Insubmissa avisou nesta terça-feira (14) que sua legenda prepara um projeto para tentar barrar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países do Mercosul. O texto é bastante contestado principalmente pelos agricultores franceses, que temem a concorrência dos produtos importados do bloco latino-americano.
Mathilde Panot informou em uma coletiva de imprensa que uma resolução "para impedir o acordo com o Mercosul" foi colocada na pauta de discussões. O pedido foi validado pela Conferência dos presidentes, instância que determina a ordem do dia da Assembleia Nacional e do Senado no país.
A data para o debate na sessão ainda não foi definida, mas "será colocada em pauta em breve", prometeu a líder da França Insubmissa. Segundo ela, o texto pede ao governo francês que "deixe claro à Comissão Europeia sua rejeição ao acordo" e "sua oposição a qualquer método de adoção do texto que ignore a ratificação pelos Parlamentos nacionais".
O polêmico tratado permite à União Europeia, que já é o maior parceiro comercial do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia), exportar mais facilmente seus carros, máquinas e produtos farmacêuticos. Em contrapartida, o texto autoriza aos países sul-americanos incluídos no acordo (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) venderem para Europa produtos como carne, açúcar, mel, arroz, soja, o que preocupa, entre outros, os agricultores europeus.
Apesar da divergência dentro do bloco, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a conclusão das negociações para esse acordo em 6 de dezembro, durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, após mais de duas décadas de debate.
O texto ainda precisa ser ratificado, mas a validação de Von der Leyen sem o acordo de alguns países do bloco irritou políticos franceses. Um mês após o anúncio da líder da Comissão Europeia, o presidente francês Emmanuel Macron declarou que o assunto "ainda não estava encerrado" e que a França continuaria "defendendo com força" seu ponto de vista.
Paris, principal opositora do tratado, considera o compromisso "inaceitável" e estima que os agricultores do Mercosul devem respeitar as normas ambientais e sanitárias em vigor na UE para evitar concorrência desleal. Já para os defensores, o texto contribuirá para reforçar a segurança econômica ao diversificar o comércio. O compromisso conta com o apoio de grupos industriais europeus, que esperam economizar bilhões de dólares em taxas alfandegárias com a conclusão do que já está sendo apresentado como o mais importante acordo comercial do mundo.
(Com agências)
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