Condenação de Bolsonaro ganha ares de jogo jogado em Brasília
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A condenação de Bolsonaro ganhou ares de jogo jogado em Brasília. Até os aliados suprimiram do seu vocabulário a partícula "se". O envio do futuro réu para a cadeia já não é tratado como mera hipótese. O que se discute é quando a sentença será proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Em conversa com a coluna, um ministro da Primeira Turma da Corte, foro do julgamento, delineou o ritmo: "Nem tão rápido que comprometa o direito de defesa, nem tão lento que transforme o devido processo legal num jogo político". Segundo ele, concluir o julgamento em 2025 "é algo factível".
A conjuntura como que intima o Supremo a afastar a trama golpista do calendário eleitoral de 2026. A defesa de Bolsonaro tentará atrasar o relógio. A Primeira Turma, que se reúne a cada 15 dias, se equipa para realizar sessões semanais.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República tem um aroma de "déjà vu". O grosso das provas materiais e testemunhais empilhadas nas 272 páginas contra Bolsonaro e 33 cúmplices denunciados já estavam expostas. O procurador Paulo Gonet e sua equipe apenas arrumaram as peças na vitrine.
A arrumação agradou ao Supremo. Primeiro porque a PGR organizou o enredo da trama, que começou em 2021 e desaguou no 8 de janeiro de 2023. Segundo porque Gonet refinou o roteiro, introduzindo nele um antídoto contra o lero-lero segundo o qual Bolsonaro não passou dos atos preparatórios.
Nas palavras de Gonet, quando um presidente reúne a cúpula das Forças Armadas para "expor planejamento minuciosamente concebido para romper com a ordem constitucional, tem-se ato de insurreição em curso". Pela lei, o simples planejamento de uma insurreição contra a democracia é crime.
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