Aumento das tensões com a Rússia assusta e, ao mesmo tempo, motiva jovens franceses a defender o país

O aumento das tensões diplomáticas entre França, Rússia e Estados Unidos nas últimas semanas leva os jovens franceses a temer que a guerra na Ucrânia possa se espalhar pelo continente. A mudança de tom do presidente Emmanuel Macron face a Moscou "acordou" a juventude para o risco de um conflito em solo francês, observa o jornal Le Parisien.

O diário nota que, ao "mencionar abertamente" a "ameaça russa" e dizer que "a França precisa de vocês", Macron sinalizou que a possibilidade de um confronto armado com Moscou "não é mais abstrata". Le Parisien ouviu jovens pelo país que explicam observar os acontecimentos "ora com ansiedade, ora na negação".

O medo do futuro aumenta uma angústia que já vinha se acentuando nos últimos anos, com a pandemia de Covid, a emergência climática - que leva muitos a não querer mais ter filhos - e as guerras na Ucrânia e em Gaza. Alguns têm tido pesadelos recorrentes com as notícias e a ideia de Paris ser bombardeada, e já planejam onde poderão se refugiar no caso de uma guerra - para a vizinha Bélgica ou a distante Austrália, por exemplo.

Outros, ao contrário, dizem estar prontos para se engajar, como uma estudante de Ciências Políticas de 20 anos que fez serviço militar aos 18. "Sou uma reservista e nos deixaram claro que isso significa que um dia eu poderia ir para o front militar", afirmou ela, ao diário.

Alistamentos em alta

Le Parisien visitou um dos centros de recrutamento militar, na região parisiense, e encontrou jovens motivados. Um estudante de mestrado contou que "há bastante tempo pensava" em seguir carreira no Exército, mas o discurso de Macron despertou nele "o sentimento de urgência" que faltava para dar este passo.

O Ministério da Defesa se mostra otimista quanto ao patriotismo dos jovens franceses. Em 2015, ano da série de atentados terroristas contra o jornal Charlie Hebdo e o Bataclan, o país teve 50 mil alistamentos a mais nas Forças Armadas. O ano passado também foi favorável: após vários anos de queda, em 2024 o número de candidatos atingiu a meta, de cerca de 27 mil alistamentos.

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