Após impeachment de presidente, manifestantes sul-coreanos temem aproximação com Coreia do Norte
Milhares de pessoas foram às ruas de Seul neste sábado (5) para protestar contra o impeachment, formalizado na véspera, do ex-presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol. O mandatário foi afastado do cargo depois de uma tentativa frustrada de impor a lei marcial no país, no início de dezembro.
Os oito juízes do Tribunal Constitucional aprovaram por unanimidade, na sexta-feira, o pedido de impeachment que passou no Parlamento em 14 de dezembro. A sentença também resultou na convocação de eleições presidenciais antecipadas dentro de 60 dias.
A Corte considerou que as ações de Yoon "violaram os princípios fundamentais do Estado de Direito e da governança democrática". A decisão provocou comemorações em frente ao tribunal.
Neste sábado, apesar da chuva, foi a vez de milhares de apoiadores de Yoon se reunirem no centro de Seul para protestar contra o veredito, gritando frases como "impeachment inválido!" e "cancelem as eleições antecipadas!".
"A decisão do Tribunal Constitucional destruiu a democracia livre do nosso país", disse Yang Joo-young, uma manifestante de 26 anos, à AFP.
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Tentativa frustrada de golpe
O ex-presidente surpreendeu o mundo na noite de 3 para 4 de dezembro, ao declarar subitamente a lei marcial e enviar o exército para assumir o controle do Parlamento, dominado pela oposição. Um número suficiente de parlamentares conseguiu se reunir para frustrar os planos de Yoon, em poucas horas.
O ex-líder conservador justificou suas ações citando ameaças de "forças comunistas norte-coreanas" e seu desejo de "eliminar elementos hostis ao Estado". Ele ainda alegou, sem provas, que as últimas eleições legislativas foram fraudadas.
Seus apoiadores têm repetido essas palavras em manifestações todos os fins de semana desde o início da crise política. O líder da oposição Lee Jae-myung, claro favorito nas eleições presidenciais antecipadas, defende uma política de aproximação com a Coreia do Norte. Por isso, muitos conservadores o acusam de conspirar com o regime comunista de Pyongyang e acreditam que a declaração da lei marcial era necessária.
O Tribunal Constitucional decidiu que a tentativa de golpe representou "uma séria ameaça à estabilidade da República democrática". Yoon também enfrenta acusações criminais de insurreição ? um crime passível de pena de morte no país. Preso em janeiro e colocado em detenção provisória, ele foi libertado em 8 de março por um erro processual.
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