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Homem xinga médica no DF em hospital dedicado à covid-19: "sua louca"

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

13/06/2020 12h48

Um vídeo que mostra um homem e uma médica discutindo em frente ao Hospital Regional de Ceilândia, a 46 km do centro de Brasília, viralizou nas redes sociais. "Louca, doente", disse o rapaz para a profissional que atua no pronto-socorro da unidade.

As imagens foram gravadas na última terça-feira (9) e mostram o homem que está de máscara com a bandeira do Brasil estampada, reclamando: "Olha aí a ambulância. Agora, é só covid, só covid. É lamentável a nossa situação. Os moradores de Ceilândia merecem respeito. E queremos nosso pronto-socorro de volta, para amanhã, para ontem", disse.

A crítica é devido à mudança no fluxo do pronto-socorro. De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, por conta do aumento dos casos do novo coronavírus, o Hospital Regional de Ceilândia passou a atender apenas pacientes com a covid-19. A região é a mais afetada pela doença na capital e, até o início da tarde de ontem, tinha 2.501 casos e 58 mortes.

A médica, que está com equipamentos de proteção individual, aparece no vídeo e revoltada, questiona a reclamação do homem: "Entra lá para você ver a situação da covid. Seu irresponsável. Sai daqui", disse. O homem rebate: "Tira o dedo da minha cara. Me tira daqui se a senhora for mulher".

Ela sai de cena, e o homem, identificado como Tácio Rogério, diz que a mudança é para "puxar-saco do secretário da Saúde" e questiona: "Só tá morrendo gente de covid? Não. No Hospital de Samambaia não tem pronto-socorro. Por que não levaram para lá? Por que tiraram nosso pronto-socorro do Hospital de Ceilândia?", questionou.

A live, publicada pelo homem no Facebook, termina com ele xingando a médica. "Vai cuidar da sua vida, louca, doente. Vai se internar. Arruma um psiquiatra para essa mulher aí. Arruma aí. Sua petista. Sai daqui, pão com mortadela. É petista. Prefiro ser Bolsonaro do que uma petista", conclui.

Na postagem, Tácio Rogério usou a seguinte legenda: "Médica esquerdista me xinga, xinga minha mãe e nosso Presidente Bolsonaro. E depois, passa as mãos em mim após descer da ambulância com paciente com COVID 19", disse o texto.

O UOL tentou contato com Tácio Rogério, mas ele ainda não respondeu.

O que diz a Secretaria de Saúde

Em nota, a Secretaria de Saúde disse que repudia toda e qualquer forma de desrespeito e ameaças dirigidas a seus profissionais que arriscam suas vidas e colocam em risco seus familiares para estar na linha de frente da luta diária por uma saúde pública digna para a nossa população e, em especial, diante dessa pandemia e seus grandes desafios.

"Este fato é deplorável e todas as providências estão sendo tomadas para identificar o agressor e adotar as medidas necessárias para que esse episódio não se repita", disse o texto.

A pasta também explicou que há estratégias para o novo fluxo de funcionamento do pronto-socorro do HRC, baseadas no cenário epidemiológico do Distrito Federal.

"Ceilândia apresenta, neste momento, o maior número de casos do novo coronavírus. As ações visam dinamismo no atendimento da população da região, para diagnóstico e tratamento para a covid-19. Sabemos que toda mudança acarreta adaptações e, por parte da equipe da Secretaria de Saúde, todas as medidas estão sendo tomadas, com o apoio do HRT e HRSM", aponta.

A Secretaria de Saúde termina dizendo que em nenhum momento o pronto-socorro do Hospital Regional da Ceilândia permaneceu fechado, mas sim em transição, remanejando pacientes para atendimento em outras unidades.

"Nossos profissionais da saúde têm desempenhado com brilhantismo o atendimento à população e entregando todos os esforços na luta contra o coronavírus. Frisamos o respeito aos nossos profissionais e o comprometimento da SES/DF com a população da Ceilândia", disse a nota.