'Privatizar lucros, socializar prejuízo': a caixa-preta do Bilhete Único | Podcast UOL Prime #13

O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira (11) uma entrevista com a repórter Juliana Sayuri sobre a caixa-preta do Bilhete Único, a conta que centraliza a arrecadação e os repasses para os ônibus da SPTrans e as operadoras dos trilhos de São Paulo.

Você pode ouvir no arquivo acima a íntegra do episódio, que tem como base a reportagem "Linhas privadas ganham 4 vezes mais, mas transportam menos que Metrô e CPTM", publicada no UOL Prime —seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.

Dos R$ 7 bilhões arrecadados pelo Bilhete Único em 2022, revelou a reportagem, R$ 2 bilhões foram para ViaQuatro e ViaMobilidade, concessionárias responsáveis pelas linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda, que juntas transportaram 500 milhões de passageiros no período.

Metrô e CPTM, empresas públicas, carregaram mais que o dobro (1,23 bilhão de passageiros), mas ficaram com apenas R$ 460 milhões.

"Uma expressão boa é: privatizar os lucros, socializar os prejuízos", resume Sayuri.

A repórter obteve os dados após uma saga via LAI (Lei de Acesso à Informação) e analisou contratos e ouviu mais de 20 fontes sobre o assunto, que voltou a esquentar.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sinalizou recentemente que pretende privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM até o fim do mandato, no fim de 2026.

"A palavra-chave nas concessões feitas até agora é: prioridade", diz a jornalista. Isso porque nos contratos, as concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade têm prioridade para receber os repasses do Bilhete Único — e é por isso que Metrô e CPTM ficam literalmente com o que sobra.

Na virada de 2023 para 2024, o preço da passagem subiu de R$ 4,40 para R$ 5. Isso quer dizer que o bolo do Bilhete Único vai aumentar.

Se as concessões continuarem e as concessionárias tiverem prioridade na hora de receber os repasses, Metrô e CPTM podem ficar financeiramente estrangulados.

"Os repasses vão ficar cada vez mais desiguais", diz a repórter. "E esse trem não deve parar."

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