Topo

Mau tempo impede missão de austríaco que tenta quebrar velocidade do som

Felix Baumgartner se prepara para pular a uma altura de mais de 21 mil metros, no último dia 15 de março. O piloto austríaco quer quebrar a velocidade do som ao saltar de 36 mil metros - Stefan Aufschnaiter/EFE
Felix Baumgartner se prepara para pular a uma altura de mais de 21 mil metros, no último dia 15 de março. O piloto austríaco quer quebrar a velocidade do som ao saltar de 36 mil metros Imagem: Stefan Aufschnaiter/EFE

09/10/2012 11h14Atualizada em 09/10/2012 15h11

Fortes ventos e mau tempo impediram a aventura do austríaco Felix Baumgartner, de 43 anos, que tentou nesta terça-feira tornar-se o primeiro homem a quebrar a barreira do som sem a ajuda de um veículo motorizado.

Ele faria um salto de paraquedas a partir de uma cápsula localizada 36 mil metros acima do nível do mar, já na estratosfera.

Segundo a equipe técnica, o lançamento foi cancelado por hoje, e ainda não há estimativas de quando a operação será retomada.

Durante o experimento, Baumgartner deve saltar do interior de uma cápsula levada a exatos 36.500 metros de altitude por meio de um balão de hélio com tamanho igual ao de um prédio de 55 andares.

A previsão era de que o balão seria lançado a partir de uma base no Estado americano do Novo México ainda nesta manhã (horário local; início da tarde do Brasil), mas técnicos já haviam alertado que ventos fortes poderiam atrapalhar a missão.

A subida deve levar cerca de duas horas e meia, e o salto deve durar dez minutos.

Técnicos estimam que ele atingirá a velocidade de até 1.110 km/h cerca de 40 segundos após o início da queda livre e que a abertura do paraquedas se dará a cerca de 1.500 metros do solo.

O aventureiro já fez dois saltos de teste usando o mesmo equipamento, um a 21.800 metros e outro a 29.600 metros.

Para se ter uma ideia da altura, um avião transatlântico voa a 14 mil metros de altitude e o pico do Everest tem 8.848 metros de altitude.

A queda livre a partir dessa camada da atmosfera é a mais alta, mais rápida e mais longa, e muitos já morreram ao tentar quebrar essa marca.

"Se algo der errado, a única coisa que pode te ajudar é Deus. Porque se você tiver azar, se você não tiver habilidade, não há nada a fazer e você tem que realmente esperar que ele não te abandone", diz Baumgartner.

Até o momento, Joe Kittinger, coronel da Força Aérea americana aposentado, detém a marca mais próxima, tendo saltado, em agosto de 1960, a partir de um balão de hélio a 31.300 metros de altitude, 5,2 quilômetros abaixo do ponto do qual o austríaco saltou.

Com mais de 80 anos, Kittinger integra a equipe de Baumgartner e será a única voz que o aventureiro ouvirá durante a subida de duas horas e meia e a descida, de dez minutos.

Avanços

Além do trabalho de engenharia de alta precisão empregado na construção do balão e da cápsula, a equipe que preparou a missão criou uma roupa de astronauta especial para o lançamento, usando tecnologia mais avançada do que a empregada pelos astronautas da Nasa.

Baumgartner é famoso por suas aventuras, mas a equipe do Red Bull Stratos, como é conhecido seu projeto, ressalta os aspectos científicos da empreitada.

De acordo com os pesquisadores, o salto pode representar um avanço em técnicas de evacuação de emergência, conhecimento útil para astronautas que precisem abandonar veículos de alta performance, em grandes altitudes.

A Nasa e seus fabricantes de materiais espaciais pediram para serem informados de todos os aspectos técnicos da missão.

Há poucos exemplos de pilotos que se ejetaram em voos supersônicos quando seus aviões se estilhaçaram em pedaços no céu, mas há poucos detalhes sobre o que ocorre com o corpo humano quando atinge velocidade supersônica e, conforme desacelera, volta a velocidades abaixo do som.

O corpo do austríaco foi paramentado com uma série de medidores e instrumentos justamente para coletar esses dados inéditos.