Após Bolsonaro defender anistia a golpistas, consulta pega fogo no Senado
Após Jair Bolsonaro defender um projeto de lei para anistiar os acusados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, uma consulta pública no site do Senado Federal sobre o PL 5.064/2023, do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que versa sobre o assunto, virou palco de disputa entre apoiadores e críticos do ex-presidente.
Até agora, quase 1 milhão de pessoas participaram da consulta, que vem sendo a mais acessada entre as disponíveis no portal e-Cidadania nos últimos dias. Na manhã desta sexta (1), o placar somava 511 mil votos contrários e 460 mil a favor, ou seja, 53% a 47%.
Todas as proposições que tramitam no Senado estão abertas para receber opiniões no site. As consultas não têm efeito vinculante, ou seja, não obrigam os parlamentares a votarem de acordo com o resultado, dando apenas uma sinalização. Elas tampouco podem ser tomadas como a opinião da populacão sobre o temas, uma vez que são enquetes e não pesquisas feitas com método científico.
Mas isso pouco importa para críticos e defensores de Bolsonaro. Há campanhas, de um lado e de outro, circulando nas redes e aplicativos de mensagens, pedindo voto. Algumas até exageram, afirmando que a aprovação/reprovação do projeto de lei vai depender do resultado do portal.
Um dos pontos altos do discurso de Jair Bolsonaro, no ato convocado para defendê-lo, neste domingo (25), na avenida Paulista, foi o seu pedido para que o Congresso aprove uma anistia para os "pobres coitados do 8 de janeiro". Ou seja, os bolsonaristas acusados pela Procuradoria-Geral da República e condenados pelo Supremo Tribunal Federal por participar dos atos golpistas.
Críticos ao ex-presidente veem na proposta uma tentativa dele se beneficiar, com o projeto de lei sendo alterado para abranger todo o processo golpista. Hoje, ele é investigado por uma tentativa de golpe de Estado que teve no 8 de janeiro uma de suas peças. E há a chance que venha a ser condenado e preso como idealizador e principal beneficiário.
"Uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação!", pediu o ex-presidente, o último a discursas em cima do trio elétrico para uma multidão de seguidores.
"Já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil", afirmou, referindo-se à Lei da Anistia, que beneficiou militares e civis ligados aos governos militares e opositores. Jair defendeu a prisão apenas para "quem depredou patrimônio público", como se atentar contra a democracia não fosse muito mais custoso para uma nação.
Ele pediu para que os deputados bolsonaristas presentes no ato, como Gustavo Gayer, Marco Feliciano e Nikolas Ferreira, tocassem a proposta no parlamento, demonstrando o medo que ele está de ir para o xilindró.
Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta (28), aponta que 47% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente participou de um plano para dar um golpe de Estado e evitar a posse de Lula, enquanto outros 40% afirmam que isso não aconteceu.
Ao mesmo tempo, 50% afirmam que seria justo prender Bolsonaro, enquanto outros 39% acreditam que não. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. Os números foram levantados a partir de entrevistas presenciais com 2.000 pessoas acima de 16 anos de idade, de todas as regiões do Brasil, realizadas entre domingo e ontem. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.
A pesquisa mostra um quadro tão polarizado quanto a enquete no Senado.