Policiais do caso Juan podem ser expulsos; reconstituição acontece nesta sexta
O comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, disse na tarde desta quarta-feira (6) que caso seja comprovada a participação de policiais militares na morte do menino Juan, de 11 anos, eles serão expulsos da corporação.
Juan desapareceu no dia 20 de junho na favela Danon, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, durante uma incursão de policiais que tinham ido ao local com o intuito de combater o tráfico de drogas. Martha Rocha, chefe da Polícia Civil, confirmou hoje a morte de Juan. Um exame de DNA comprovou a identidade da ossada encontrada na semana passada em Belford Roxo, também na Baixada.Inicialmente o corpo foi dado como sendo de uma menina, mas a polícia corrigiu a informação hoje.
O coronel Mário Sérgio Duarte determinou ainda que os quatro PMs que participaram diretamente da incursão na favela sejam afastados do 20º BPM (Mesquita) e transferidos para a Diretoria Geral de Pessoal. Os quatro policiais já estavam afastados das ruas desde o início das investigações do desaparecimento. Eles e outros sete PMs prestaram depoimento na noite de terça-feira (5) à noite na Divisão de Homicídios da Baixada. Os depoimentos duraram cerca de 13 horas.
Na próxima sexta-feira (8), será realizada uma reconstituição dos acontecimentos que levaram ao desaparecimento e posterior assassinato de Juan. Será confrontada a versão dos policiais e a de testemunhas que estavam na favela. A presença dos policiais na reconstituição ainda não foi confirmada.
Pai soube da morte pela imprensa, afirma mulher
A morte do garoto teria sido divulgada pela Polícia Civil à imprensa hoje antes da família ser avisada. O UOL Notícias tentou entrar em contato com o pai do menino, Alexandre da Silva, mas ele estava passando mal e não pôde atender o telefonema. As informações foram passadas por uma mulher que atendeu a ligação, mas que não quis se identificar.
Ela disse que Alexandre recebeu a notícia pela imprensa e teve de tomar medicamentos para se acalmar. A reportagem também tentou contato com a mãe de Juan, Rosinéia Moraes. No entanto, em conversa com uma cunhada dela, não foi possível saber como a notícia chegou até a mãe.
A família de Juan mudou o local de moradia e os contatos tornaram-se restritos após a inclusão no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte (PPCAAM), já que Wesley, o irmão do desaparecido, é testemunha dos acontecimentos. Ele chegou a ver o irmão ferido, mas não conseguiu ajudá-lo porque também fora baleado.
Na coletiva desta tarde, Martha Rocha manifestou o desejo de dar pessoalmente à família de Juan a notícia da confirmação da morte. Porém, a chefe da Polícia Civil explicou que estava impossibilitada de fazer sequer o contato telefônico uma vez que os parentes de Juan já estão inseridos num programa de proteção a testemunhas.
Rocha explicou que, antes da coletiva, passou a informação à Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, para que ela falasse com os familiares. A reportagem não conseguiu contato com a secretaria para comentar o assunto.
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