Clima continua tenso em área reintegrada em São José dos Campos (SP)
Centenas de moradores de Pinheirinho, em São José dos Campos (92 km de São Paulo), enfrentaram a ação da polícia em protesto contra a ordem de reintegração de posse numa área de 1 milhão e 300 mil metros quadrados. A operação da PM teve início na madrugada deste domingo (22).
Por volta das 20h, um carro foi incendiado, o fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros meia hora depois. Mais cedo, os manifestantes também incendiaram um veículo da TV Vanguarda (retransmissora da TV Globo).
Nesta tarde, moradores que deixaram a área passaram pela triagem nas tendas montadas pela prefeitura em um centro comunitário do bairro. No local, foi montado um forte esquema para garantir o atendimento aos retirados do acampamento.
Um morador do Pinheirinho sofreu um infarto no Centro de Triagem, e foi socorrido. Assessores do primeiro escalão do governo municipal estão atendendo as famílias.
“Desci com minhas filhas só com as roupas do corpo. Estou desesperada, meus poucos pertences ficaram lá dentro e agora não tenho para onde ir”, afirmou a empregada doméstica, Sueli dos Santos, 34 anos.
Alguns manifestantes jogaram pedras e pedaços de madeira contra o local onde as tendas estão montadas. A PM respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Também no Centro de Triagem, manifestantes enfrentaram a Guarda Municipal.
A dona de casa Silvana dos Santos Dias, 26, é mãe de duas filhas e morava ao lado do namorado. “Fiquei surpresa. Ninguém esperava. Estávamos confiando no tempo dado pela Justiça. São traidores”, disse ao UOL enquanto a filha de três anos chorava assustada durante o conflito.
Por meio de coletiva de imprensa, a Polícia Militar negou que houve mortes durante a operação. Sobre o jovem baleado, a PM informou que o caso foi isolado da reintegração de posse. A área, segundo a polícia, foi ocupada durante 40 minutos.
“A Justiça deverá ser feita quanto a este massacre. São vidas, pessoas honestas e que precisam de moradia. Uma covardia o que a polícia está fazendo. Havia um acordo, havia uma liminar. Isso é falta de respeito”, disse o advogado dos sem-teto Antonio Donizete Ferreira.
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