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Cerco é fechado na Assembleia da Bahia; PM é assassinado durante a noite

Janaina Garcia

Do UOL, em Salvador

08/02/2012 11h30Atualizada em 08/02/2012 12h39

O nono dia da greve de policiais militares em Salvador, nesta quarta-feira (8), começou com o fechamento de todos os acessos ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde fica o prédio da Assembleia Legislativa ocupado desde a semana passada pelos policiais amotinados. O envio de comida aos amotinados foi suspenso.

Hoje, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que um policial foi morto na noite de ontem (7): o soldado Elenildo dos Santos Costa, 34, morreu a tiros quando saía de uma pizzaria no bairro de São Rafael, próximo ao CAB. Ele teria sido reconhecido como PM pelos criminosos, durante uma tentativa de assalto.

Segundo o UOL apurou com familiares que estão acampados no CAB, o policial assassinado seria um dos grevistas que deixou o prédio da Assembleia para comprar pizza. A SSP-BA não confirma a informação.

Nesta quarta-feira (8), a entrega de comida, água e medicamentos aos PMs amotinados –que havia sido liberada ontem– foi suspensa. O chefe do setor de comunicações do Exército, tenente-coronel Márcio Cunha, não soube explicar o motivo da medida.

Do lado de fora da Assembleia, contudo, o aparato de segurança é substancialmente maior em relação a ontem: vias até então de trânsito livre agora são ocupadas por homens e mulheres da Força Nacional de Segurança com carros e armas. Por volta das 10h, dois helicópteros do Exército realizaram voos rasantes antes de pousar no CAB. Familiares e amigos dos PMs foram impedidos de entrar na Assembleia com gelo e comida. Ontem, o acesso era apenas limitado.

Segundo o tenente-coronel, o uso dos helicópteros é um meio de “apenas garantir maior visão e reconhecimento da área”. “Permanece a orientação de o prédio não ser invadido”, resumiu. Indagado sobre o aumento do efetivo, Cunha disse que hoje há 1.308 homens apenas do Exército no local –dentre os 3.500 das forças de segurança que estão atuando na Bahia em função da greve. Ontem, o porta-voz havia dado um número menor: 1.038 oficiais.

Nesta quarta foi retomada a negociação que tenta colocar fim à paralisação. Mais cedo, uma outra associação de policiais militares ameaçou também entrar em greve.

Entenda

A greve na Bahia foi deflagrada na terça-feira, dia 31 de janeiro, por parte da categoria, liderada pela Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra). Doze mandados de prisão foram expedidos contra policiais militares que lideram o movimento, considerado ilegal pela Justiça. As prisões foram decretadas pela juíza Janete Fadul. Todos são acusados de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público (carros da corporação). Além dos crimes, os policiais vão passar por um processo administrativo. Dois já foram presos.

Cerca de 300 policiais militares estão amotinados dentro da Assembleia Legislativa em Salvador, cercados pelas forças federais, que negociam o fim da greve. Na segunda-feira, soldados lançaram bombas de efeito moral e dispararam balas de borracha contra policias grevistas que estavam do lado de fora e que tentavam entrar no local.

De acordo com o líder do movimento, os grevistas não vão deixar a Assembleia até que sejam revogados os pedidos de prisão de 12 grevistas, além da concessão da anistia irrestrita para os grevistas e o pagamento de gratificações.

A paralisação gerou um aumento da violência no Estado: aulas foram canceladas, assim como shows, a Justiça teve seu trabalho suspenso e os Estados Unidos chegaram a recomendar aos norte-americanos que adiem viagens "não essenciais" ao Estado. O número de homicídios e assaltos também aumentou --até o fim de semana, as mortes já eram superiores ao dobro do registrado no mesmo período na semana anterior à greve.