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Policiais civis entregam celulares e carros oficiais em protesto por reajuste de salário no Rio Grande do Sul

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

08/02/2012 15h40Atualizada em 08/02/2012 17h03

Policiais civis gaúchos entregaram telefones celulares funcionais e carros oficiais em mau estado na manhã desta quarta-feira (8), em Porto Alegre, como forma de protesto pelo reajuste de seus salários. Cerca de 50 agentes do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) realizaram a ação em frente ao Palácio da Polícia. Nesta terça, o chefe de polícia, delegado Ranolfo Vieira Júnior, chegou a afirmar que a entrega de celulares poderia significar descumprimento de função.

A partir de agora, os agentes do Deic vão interromper a preparação de operações especiais, e as equipes volantes entregarão os carros às 18h, não fazendo mais plantões de sobreaviso. Com a entrega dos telefones, grampos deixarão de ser analisados. O departamento reúne delegacias que investigam crimes, como homicídios, quadrilhas organizadas e contra a Fazenda Pública.
 
Na noite desta segunda (6), os policiais aderiram à operação "Cumpra-se a Lei". Conforme o Código de Processo Penal, os delegados têm que estar presentes em todos os procedimentos policiais, como flagrantes e oitivas. Porém, isso acaba não acontecendo devido ao alto número de inquéritos.
 
Uma assembleia está prevista para o dia 7 de março para deliberar sobre indicativo de greve. Os policiais exigem a mesma tabela concedida aos delegados. Considerada alta, a diferença entre o vencimento inicial de um delegado e de um agente, ambos com exigência de nível superior, hoje é de 311%. Com o calendário selado nas negociações com delegados, o abismo saltou para 720%. Isso significa que, em 2018, um delegado (primeira classe) receberá R$ 17,5 mil, enquanto um agente, R$ 3.700.

Atualmente, o salário inicial de um soldado da Brigada Militar --a PM gaúcha-- é de R$ 1.539,93. Já na Polícia Civil, o menor salário é o de investigador, que é R$ 706,53.
 
Na manhã desta terça, após participar de uma aula inaugural para 500 novos alunos do curso de formação de escrivães e inspetores, o governador gaúcho, Tarso Genro, afirmou, a cerca de 20 policiais que faziam uma pequena manifestação em frente ao Palácio da Polícia, para que “não percam a cabeça”. “Vamos pensar bem quando entrarmos em greve, porque entrar numa greve unido, não é difícil. Sair de uma greve unido e com vitória é mais difícil”, disse, e explicou que apresentará um calendário de reajuste salarial aos agentes até o final deste mês.