Topo

Animais também sofrem com a enchente no Acre e Centro de Zoonoses pede doações

Golby Pullig

Do UOL, em Rio Branco

24/02/2012 06h00Atualizada em 24/02/2012 09h11

Eles chegam junto com a mudança de quem teve de sair às pressas de casa surpreendido pela cheia do rio Acre, mas não ficam junto com seus donos. Em Rio Branco, o número exato de cachorros e gatos levados para os dois abrigos coordenados pela Vigilância Sanitária do município ainda é impreciso. A gerência do Centro de Zoonoses estima que os animais sejam quase 600 nos abrigos. Em períodos normais, o local recebe temporariamente, por recolhimento nas ruas ou sacrifício em caso de doenças terminais graves, 100 animais por mês, em média.

Nesta quinta-feira (23), mais 17 boxes com capacidade para abrigar entre 10 e 20 animais cada foram construídos. O outro abrigo está instalado no parque de exposições marechal Castelo Branco. Depois de passar por triagem e identificação, os animais recebem higienização, comida e são vermifugados. A Polícia Ambiental está auxiliando no resgate desses animais das áreas já alagadas quando os donos não têm tempo de retirá-los.

Com uma equipe pequena, o Centro de Zoonoses busca o reforço de voluntários e doação de ração, água sanitária e vasilhas para serem usadas como comedouros. A secretária de Assistência Social, Estefânia Pontes, que coordena os abrigos do município, explica que mesmo que sejam levados inadequadamente para os abrigos de pessoas, as equipes de zoonoses recolhem esses animais ao longo do dia para os locais credenciados.

Outra preocupação é com as galinhas, os patos e os porcos criados nos quintais das áreas urbanas, uma característica da cultura do Acre. “A prefeitura está traçando uma estratégia junto com a Secretaria de Agricultura e Produção para acolher também esses animais que são usados na alimentação de muitas famílias”, diz Estefânia Pontes.

Situação no Estado

O nível do Rio Acre subiu 1 centímetro a cada três horas nos últimos dias, atingindo 17,52 metros. É a segunda maior cheia registrada desde 1997, mas é o maior desastre enfrentado pelo Estado em termos de população afetada. No total, nove municípios decretaram situação de emergência.

Segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, a tendência é que o nível do Rio Acre continue a subir de maneira gradual, especialmente na capital Rio Branco.

Moradores de áreas alagadas começaram a receber cestas básicas com alimentos e galões de água potável. Homens da Força Nacional de Segurança estão nas localidades atingidas ajudando no resgate.

A estimativa é que mais de 60 mil pessoas tenham sido afetadas --40 mil delas apenas em Rio Branco. Mais de 7.000 estão desabrigadas e cerca de 15 mil casas foram alagadas.

O Estado recebeu na quarta-feira (22) homens do Corpo de Bombeiros de Brasília e da Força Nacional de Segurança para trabalhar no resgate e atendimento às vítimas da enchente. Segundo a Defesa Civil, foram distribuídas 2.800 cestas de alimentos e cem barracas pelo governo do Estado. Além disso, dois helicópteros e dois aviões da Força Aérea ajudam na operação.

Em Rio Branco, 45 bairros urbanos e rurais foram atingidos pelos alagamentos. A Eletrobras desligou o fornecimento de energia nos 11 bairros mais atingidos, deixando 2.000 casas e o comércio sem luz.

A medida serve para garantir a segurança dos homens da Defesa Civil que trabalham no local. A energia também foi desligada em Sena Madureira, Epitaciolândia e Brasileia.