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Reportagem flagra trabalho infantil e propaganda ilegal no mercado imobiliário

Marcela Rahal

Do UOL, em São Paulo

09/04/2012 06h00

Adolescentes foram flagrados pela reportagem do UOL trabalhando na divulgação de lançamentos imobiliários, em cruzamentos de bairros nobres de São Paulo. Menores com idade entre 14 e 17 anos promoviam empreendimentos de alto padrão nos bairros do Brooklin, Campo Belo e Pinheiros.

O trabalho, proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, consiste em ficar em pé, por cerca de 8 horas, segurando uma placa em forma de seta, que indica onde está o imóvel. O anúncio publicitário também contém informações sobre o empreendimento.

Além de usar trabalho infantil, o mercado imobiliário também está infringido a lei Cidade Limpa, que proíbe esse tipo de propaganda em São Paulo.

Veja a reportagem abaixo:

Trabalho infantil

O Ministério Público do Trabalho notificou empresas ligadas ao ramo imobiliário pelo uso de trabalho infantil na divulgação de empreendimentos em São Paulo e na região do ABC, na Grande São Paulo.

Procuradas pela reportagem do UOL, as construtoras SKR, RN Incorporadora e Construtora e a Lúcio Engenharia, empresas responsáveis pelos lançamentos mostrados na matéria, informaram que a contratação da equipe de promotores é terceirizada. As empresas alegam, portanto, que a responsabilidade do uso de trabalho infantil é das agências de promoção, que são contratadas por elas.

Em nota, a Brawo Promoções Marketing e Eventos Ltda, que presta serviços para a RN Incorporadora & Construtora, responsável pelo empreendimento chamado Penn Tower, no Brooklin (zona sul), disse que está tomando todas as medidas necessárias para que o que classificou de “caso isolado” não se repita em suas operações. O comunicado diz ainda que a construtora desconhecia esse fato.

A Paulista Promoções, agência contratada pela Lúcio Engenharia para divulgar o lançamento DNA Pinheiros, em Pinheiros (zona oeste) disse, alegando desconhecer a existência de menores em sua equipe, que vai aumentar a fiscalização e pedir os documentos dos seus trabalhadores para conferir suas idades.

A construtora SKR, responsável pelo empreendimento chamado Artisan, no Campo Belo (zona sul), também informou por nota que está apurando a informação com o prestador de serviço. A empresa ainda afirmou que cumpre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Lei Cidade Limpa

O Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi) diz que a lei não é específica quanto à proibição desse tipo de propaganda. No entanto, a Prefeitura confirma que as placas usadas pelo mercado imobiliário para a divulgação dos empreendimentos são ilegais pela lei Cidade Limpa, que proíbe a propaganda em espaços públicos da cidade. Conforme a lei, essas placas são consideradas anúncio publicitário: “aquele destinado à veiculação de publicidade, instalado fora do local onde se exerce a atividade”.

Segundo José Rubens Domingues Filho, da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, responsável pela lei Cidade Limpa, a fiscalização será intensificada com uma operação específica para o mercado imobiliário, que será realizada nas próximas semanas.

Em nota, o órgão disse que só no primeiro bimestre deste ano foram aplicadas, em toda a cidade, 717 multas de propaganda irregular em geral – entre placas, cavaletes, banners e faixas. Nas regiões percorridas pela reportagem, a Prefeitura informa que multou 79 empresas em Pinheiros e outras 17 em Santo Amaro. Para cada irregularidade, a multa é de R$ 10 mil.