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Baratas infestam cozinha de presídio em Teresina, onde falta água para banho dos presos

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

04/08/2012 06h00

Presos da Penitenciária Regional Irmão Guido, na zona rural de Teresina, podem estar albergados em condições precárias de higiene e saúde. Um vídeo divulgado na internet mostra que a cozinha onde são preparadas as refeições da penitenciária está infestada de baratas, as prateleiras onde são guardados os alimentos se tornaram viveiro dos insetos, e a produção da comida é feita de forma improvisada, longe das condições ideais de conserva dos alimentos.

No local, as carnes preparadas para almoço e jantar dos presos são colocadas nas cubas das pias da cozinha, que estão com os ferros aparentes, assim como os fogões e as panelas usados na preparação dos alimentos. Além dos problemas de falta de higiene na cozinha, presos denunciam que estão sem água nas torneiras há cerca de três meses e que os banheiros estão com problemas de entupimento.

Segundo agentes e reeducandos, o cheiro exalado pelos “buracos” sanitários nas celas toma conta da unidade e chega ao refeitório onde os presos se alimentam diariamente. Para piorar a situação, devido à escassez de água, os detentos só estão tomando banho uma vez ao dia, e a limpeza dos banheiros também ficou comprometida.

Baratas passeiam por cozinha de presídio em Teresina

Relatório

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí afirma que um relatório foi elaborado e entregue à Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), em maio, “pedindo providências urgentes”. Segundo o presidente da entidade, Vilobaldo Carvalho, nenhuma medida foi tomada para amenizar a situação, “a não ser o envio de carros-pipa, que abastecem precariamente as caixas de água da penitenciária”.

“A situação é extremamente dramática. Os prédios de todas as unidades são antigos e têm problemas recorrentes nas instalações elétricas e hidráulicas, além de infestação de baratas, onde não há mínima condição de higiene. Também passam por reformas que nunca terminam, e a superlotação é constante”, disse.

Segundo Carvalho, agentes e presos vivem e trabalham em condições “desumanas.” “O mau cheiro é insuportável dentro das celas por conta dos banheiros entupidos, além da falta de água, o que piora a situação. O mau cheiro é constante. Os agentes têm de trabalhar nesse ambiente horrível, e os presos ficam confinados”, afirmou.

O presidente da entidade disse ainda que há problemas de superlotação nas unidades da capital e dos municípios de Parnaíba e Oeiras, no interior do Estado.

Outro lado

Em nota enviada ao UOL, a Sejus negou a existência de insetos nas unidades prisionais do Piauí e ressaltou que “frequentemente são realizadas dedetizações nas unidades penais”. Já em relação à estrutura precária da cozinha da penitenciária Irmão Guido, a Sejus informou que o governo do Estado já autorizou a recuperação das cozinhas dos presídios, além da aquisição de utensílios e aparelhos.

Segundo a nota, as mudanças vão se adequar às exigências da Vigilância Sanitária. A previsão é que as obras sejam concluídas até o final do ano. “No momento, os projetos de reforma e recuperação encontram-se sob análise da Divisão de Vigilância Sanitária, aguardando parecer, a fim de ser dado início ao certame licitatório”, informou.

Sobre a falta de água também relatada a ocorrência na penitenciária Irmão Guido, a Sejus afirmou que está “procurando solucionar o problema.” “Foi contratada uma empresa de carro-pipa para abastecimento das caixas de água. Estão sendo fornecidos 32 mil litros por dia de água tratada, fornecida diretamente pela Agespisa (Empresa de Águas e Esgotos do Piauí S.A.).”

A Sejus destacou ainda que está em processo de licitação “para construção do terceiro poço tubular na Penitenciária Irmão Guido, pois o problema do abastecimento de água se deve a qualidade do terreno (arenoso) que dificultou a manutenção dos dois poços já existentes naquela unidade prisional”.

Situação confortável

Já sobre a superlotação relatada nos presídios dos municípios de Parnaíba e Oeiras, a Sejus reconheceu que podem estar acima da capacidade, mas estão em “situação confortável com relação ao número de presos” em comparação aos demais Estados.

“A secretaria tem implementado vários programas relacionados à humanização e ressocialização, reformas estruturais, sistema de vistorias e rondas que fazem com que, hoje, o sistema prisional piauiense se coloque entre os melhores do Brasil no que se refere à quantidade de presos”, informa a nota.