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Famílias retornam a local de incêndio para avaliar estragos e recuperar objetos

Camila Maciel

Da Agência Brasil, em São Paulo

18/08/2012 14h26

O número de pessoas atingidas por um incêndio na tarde de ontem (17) na favela Areão, zona oeste paulistana, foi revisto após cadastro da Defesa Civil de São Paulo, passando de 280 para 163. Ao todo, 60 casas foram completamente destruídas e cinco estão interditadas para avaliação de engenheiros da prefeitura, informou Nelson Suguieda, coordenador distrital da Defesa Civil da Lapa. Na manhã de hoje (18), os moradores retornaram ao local para tentar recuperar algum objeto pessoal que pode ter resistido ao fogo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta das 15h30, atingindo, aproximadamente, um terço da comunidade. Foram usadas dez viaturas, com 35 bombeiros, para combater o incêndio, que foi controlado às 16h50.

A aposentada Fernanda Teles Silva, de 55 anos, morava no local há dez anos e foi surpreendida com os gritos de vizinhos, que alertavam sobre as chamas. “Eu estava dormindo e acordei com as pessoas apavoradas. Só consegui salvar os documentos. O fogo tomou conta de tudo muito rápido”, relata. Ela passou a noite na casa do filho, que também fica no local mas que não foi atingida pelo incêndio. “Não sobrou nada. Até meu remédio do coração queimou. A assistente social me trouxe uma caixa, mas vou ter que voltar ao hospital para pegar mais”, disse a moradora à Agência Brasil.

Suguieda informou que a maioria das pessoas preferiu abrigar-se em casas de parentes. “Somente duas pessoas foram levadas para um albergue”, declarou. Ele disse ainda que foram distribuídos kit de emergência para todos os moradores, com colchões, cesta básica e cobertores. Durante a manhã de hoje, a Defesa Civil fazia a avaliação das casas interditadas e preservação do local do incêndio para que seja feito o trabalho da perícia.

A dona de casa Rosileide Zenilda da Silva, de 47 anos, é um dos cinco moradores que tiveram a casa parcialmente atingida pelo fogo. “Salvamos os móveis, mas o mais importante é a vida da gente. Parte da casa vai ser demolida. Vamos ficar todos nessa parte da casa que não foi comprometida”, explicou. A dona de casa Ivanilce Inácio Martins, de 25 anos, também conseguiu salvar parte dos móveis, mas como sua casa era de madeira, a estrutura foi toda destruída. “Fogão, geladeira, micro-ondas, nós salvamos, mas perdemos todo o resto, inclusive documentos”, relatou.

Muitos moradores entrevistados pela Agência Brasil manifestam o interesse de reconstruir suas casas assim que o local for liberado pela Defesa Civil. O motoboy Leandro Neres Lopes, de 28 anos, espera, por sua vez, que a situação que vive agora possa resultar em uma melhor condição de vida. “Preferia que a gente recebesse um apartamento da prefeitura pra sair dessa situação. Ou um auxílio pra gente reconstruir as moradias com mais dignidade”, propôs.

Segundo estimativa da Defesa Civil, cerca de 1,5 mil famílias ocupam o terreno localizado ao lado da Marginal Pinheiros, nas proximidades da Ponte dos Remédios. O coordenador distrital informou que a Secretaria Municipal de Habitação irá avaliar, durante a semana, o tipo de assistência que será dada às famílias.