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Seis dos sete conselheiros do TCE de Goiás estão sendo investigados por suposta prática de nepotismo

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

11/09/2012 22h00

Seis conselheiros do TCE-GO (Tribunal de Contas do Estado de Goiás) são alvo de representação por suposta prática de nepotismo. Divulgado pelo Ministério Público Federal em Goiás e Ministério Público de Contas, o documento aponta que mulheres, filhos, noras e sobrinhos dos conselheiros foram contratados em cargos comissionados para atuarem no tribunal.

Os responsáveis pela representação são os procuradores da República Cláudio Drewes, Marcello Wolff e Helio Telho e pelo procurador de Contas Fernando Carneiro. Eles denunciam a prática de nepotismo, nepotismo cruzado e acumulação indevida de cargos em comissão pelos seis conselheiros e 16 servidores.

Apenas o conselheiro Celmar Rech não teria nenhum familiar na instituição. Os demais seis conselheiros, incluindo o presidente do TCE, Edson José Ferrari, e a vice-presidente, Carla Santillo, estariam praticando nepotismo. Os demais apontados são o corregedor-geral Gérson Bulhões Ferreira, Milton Alves Ferreira, Sebastião Tejota e Kennedy Trindade.

Entre os familiares contratados em cargos comissionados estão a mulher do presidente do TCE, Maria Graça Silva e a irmã da vice-presidente, Elídia Célia Santillo Gomes. O corregedor-geral Gérson Bulhões teria apadrinhado a filha Ilana Fróes Ferreira e dois sobrinhos Henrique Argeu de Brito Fróes e Rodrigo de Brito Fróes.

Quem possui o maior número de familiares no TCE é o conselheiro Milton Alves Ferreira. Cinco estão empregados na casa, entre eles a mulher Célia Campos Ferreira, o filho Gustavo Campos Ferreira, o irmão Odailton Alves Ferreira e duas noras Renata Machado de Aguiar Fonseca Matis Campos Ferreira e Tatiane Alves de Souza Campos Ferreira.

No caso do conselheiro Sebastião Tejota, os empregos foram destinados para a nora Priscilla Norgan de Sousa Rocha e a irmã Vuquiconia Alves Pereira. Kennedy Trindade tem, em cargo em comissão, a mulher Tarssys Costa Araújo Gomes.

O MPF-GO e MP de Contas pedem a avaliação do processo legal e, caso comprovadas as irregularidades, a imediata exoneração dos servidores comissionados envolvidos com esse caso de nepotismo. Outra medida punitiva solicitada é a aplicação de multas a todos os conselheiros e responsáveis pela indicação, nomeação, posse e realização de pagamentos dos salários daqueles servidores.

O outro lado

Em nota oficial divulgada na tarde desta terça-feira (11), o TCE de Goiás informou que não tinha recebido nenhuma citação oficial sobre a representação e desconhecia o teor da mesma, o que impedia o tribunal de adiantar sua defesa ou as medidas legais a serem adotadas.

Sobre os casos de nepotismo, o TCE alega que os profissionais “familiares” foram contratados antes da nomeação dos conselheiros citados. Além disso, os contratos citados estariam sob análise do Poder Judiciário em ações propostas pelo Ministério Público Estadual, resultado de um termo de ajuste firmado entre as partes em 2006 para avaliar os casos que pudessem configurar nepotismo.

O TCE divulgou ainda que contratou consultoria da Fundação Getúlio Vargas, que está em andamento, para uma auditoria do quadro de servidores para traçar um completo diagnóstico, que poderá subsidiar eventuais readequações na política de contratação.