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Julgamento de Carla Cepollina, acusada de matar o coronel Ubiratan em 2006, começa hoje em SP

Em 2006, a advogada Carla Cepollina (à esq.), namorada do coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, deixa a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), em São Paulo, após conversar informalmente com policiais - Diego Padgurschi/Folhapress
Em 2006, a advogada Carla Cepollina (à esq.), namorada do coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães, deixa a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), em São Paulo, após conversar informalmente com policiais Imagem: Diego Padgurschi/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

05/11/2012 06h00

A Justiça criminal de São Paulo começa a julgar nesta segunda-feira (5) a advogada Carla Cepollina, acusada pelo assassinato de seu namorado, o coronel da reserva da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães, na capital paulista, em 2006. Ubiratan foi o comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992. Ele foi baleado em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste), no dia 9 de setembro de 2006.

O júri popular da advogada estava marcado para 28 de agosto deste ano, mas acabou transferido para as 13h de hoje devido à indisponibilidade do plenário 10 do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, naquela data.

A sala onde será realizado o julgamento é a mesma onde ocorreu o julgamento do caso Richthofen, em 2006. Segundo a assessoria do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), a estimativa é que o júri popular se estenda por cinco dias --a sala está reservada até o próximo dia 9.

A advogada responde ao processo em liberdade. Desde o início da acusação, ela diz ser inocente.

Adiamento negado

Na última quarta-feira (31), o juiz do caso, Bruno Ronchetti de Castro, do 1º Tribunal do Júri da Capital, negou pedido de adiamento de julgamento apresentado em conjunto pela defesa da acusada e pela Assistência de Acusação. Ambas as partes alegavam necessitar de mais tempo para elaboração das estratégias de acusação e defesa. Na negativa, o magistrado afirmou que o interesse das partes não pode prevalecer sobre o interesse público.

“O Poder Judiciário não pode se curvar aos interesses particulares ou às vontades das partes para que o julgamento ocorra somente quando elas bem entenderem. Acima dos interesses particulares das partes há um interesse bem maior, de toda a Nação”, afirmou Castro, em despacho.

A reportagem do UOL tentou falar com o advogado de defesa de Carla, Eugênio Carlo Balliano Malavasi, mas não conseguiu contato.

Segundo o Ministério Público, Carla matou Ubiratan no apartamento dele, na região dos Jardins, na noite do dia 9 de setembro de 2006. Ela tinha 40 anos na época do crime e a vítima, 63. Para a promotoria, a acusada matou o namorado com um tiro no abdome disparado por uma das armas da própria vítima --um revólver calibre 38 que jamais foi encontrado.

Acusação

De acordo com a acusação do Ministério Público, Carla teria disparado contra o policial depois de uma discussão motivada por ciúme. Ela teria atendido um telefonema feminino na casa do namorado e atirou, conforme a denúncia, por ele ter rompido o relacionamento com ela. Além disso, sustenta o MP, a advogada foi a última pessoa a deixar o prédio do coronel Ubiratan.

O corpo da vítima foi localizado por assessores dele no dia 10 de setembro de 2006. Intimada a depor já no dia seguinte, a advogada admitiu a discussão, mas negou ter praticado o assassinato.

Como a promotoria entendeu que o motivo do crime foi fútil e sem condições de defesa para a vítima, Carla é processada por homicídio duplamente qualificado.

O DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) a indiciou pela morte do policial no dia 27 de setembro daquele ano. A decisão para que ela fosse a júri popular saiu em junho de 2010 por parte da Câmara Criminal do TJ-SP.