Réu do caso Bruno, Bola é absolvido de acusação de morte de ex-carcereiro em Minas Gerais
O ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, foi absolvido por quatro votos a dois nesta quarta-feira (7) da acusação da morte do ex-carcereiro Rogério Martins Novelo, em 2000, ocorrido na cidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Bola será beneficiado por um alvará de soltura, mas permanecerá preso por conta de mandado de prisão no caso da morte de Eliza Samudio, ex-amante desaparecida do goleiro Bruno, no qual ele é acusado de participação.
Bola foi reconduzido para a penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, localizada na cidade de São Joaquim de Bicas, também na região metropolitana de Belo Horizonte.
A sentença foi lida no salão do 1º Tribunal do Júri em Contagem pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. O julgamento durou três dias. A defesa do ex-policial comemorou a decisão e afirmou ela poderá influenciar no julgamento sobre o caso Eliza Samudio.
Pelo sumiço da ex-modelo, Bola e o jogador, além de mais três réus, serão levados júri popular no dia 19 de novembro, no mesmo local, e com a presidência de Marixa Rodrigues.
Filha chora e se diz feliz
Middian Kelly dos Santos, filha de Bola que acompanhava o julgamento, afirmou chorando que a família estava "muito feliz'.
"Estamos muito felizes e nós agradecemos, primeiramente, a Deus, depois aos três advogados que, graças a Deus, levaram o julgamento de maneira correta e com a verdade. Eu acredito que Deus vai continuar nessa batalha que temos que enfrentar", declarou a jovem, que estava acompanhada da mãe e de um irmão.
Zanone Júnior, um dos advogados de Bola, salientou que a decisão tomada hoje foi uma espécie de "descarrego" em favor do cliente.
"Isso aqui, na verdade, foi uma sessão de descarrego. O que os jurados votaram e julgaram aqui é que esse processo foi colocado na conta do Bola. Esse homicídio de 2000 foi colocado nas costas do Bola a forcéps. Os jurados reconheceram essa covardia que foi feita contra ele", afirmou.
Julgamento
Nesta quarta-feira, foram realizados os debates da promotoria e dos advogados de defesa, que apresentaram suas argumentações aos jurados (cinco homens e duas mulheres).
A contagem dos votos foi paralisada assim que a decisão majoritária foi alcançada, não sendo necessária a leitura do último voto do sétimo jurado.
“O que a promotoria quer é que vocês mandem o Marcos Aparecido já condenado para o dia 19. Hoje é o introito, a vida do Marcos Aparecido será decidida a partir de hoje”, disse Zanone Júnior.
Ércio Quaresma, outro advogado de defesa do ex-policial afirmou que não havia provas nos autos da culpa do cliente na morte do ex-carcereiro.
Processo nulo
“Esse processo é absolutamente nulo por infração aos ditames processuais. Estamos aqui a perder tempo”, disse Quaresma, que havia reclamado de indeferimentos feitos pela juíza a pedidos da defesa durante o julgamento. Ele afirmou que entraria com recurso caso o cliente fosse condenado.
Ele questionou a ausência da principal testemunha do caso, a irmã da vítima.
Quaresma ainda declarou que o atirador seria negro, tinha marcas deixadas por acne e um 1,80m, que seria a descrição feita por uma testemunha e registrado no boletim de ocorrência feito à época do crime pela Polícia Militar mineira.
O advogado disse ter concluído que a polícia e a promotoria não conseguiram explicar a motivação nem quem foi o mandante do crime.
“Condenem por tudo, mas não condenem pelas provas, porque não há provas nos autos [contra o réu]”.
Promotoria
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que a defesa estava “desapegada” dos autos. Ele disse que, diferentemente do que viam exposto os advogados de defesa, o boletim de ocorrência da Polícia Militar mineira “continha uma série de vícios”, mas que foram sanadas pela perícia da Polícia Civil mineira.
O documento citava uma pessoa morena. E que a perícia da Polícia Civil mineira apontou que o suspeito poderia ter sido reconhecido pela irmã da vítima, na posição em que ela estava.
Segundo o promotor, dois meses depois, o irmão da principal vítima teria dito que ela “irmã viu bem o rosto do acusado”, em depoimento à Justiça e que teria reconhecido Bola após as imagens dele terem surgido na imprensa depois da eclosão do caso Eliza Samudio.
“Ele foi desmascarado a partir da notoriedade que ele ganhou no caso Eliza Samudio”, afirmou o promotor, que declarou em seguida que irá recorrer da decisão tomada hoje.
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