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Julgamento do goleiro Bruno atrai "figuras exóticas" e protestos sociais

Salim Pereira Lages, 43, foi ao local trajando roupas que lembram as usadas por policiais militares mineiros  - Douglas Magno/UOL
Salim Pereira Lages, 43, foi ao local trajando roupas que lembram as usadas por policiais militares mineiros Imagem: Douglas Magno/UOL

Rayder Bragon e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Contagem

21/11/2012 06h00

O julgamento do goleiro Bruno e mais dois réus vem atraindo a curiosidade de muitas pessoas, que chegam à porta do Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar a movimentação. O local, porém, também serve de palco para protesto de movimentos sociais e uma espécie de "desfile" de figuras exóticas.

Um homem usando roupas que lembram às dos policiais militares mineiros olhava fixamente para o vai-e-vem no fórum. Ao ser abordado pela reportagem, disse que se chamava "cabo Salim" e que seria uma "autoridade" da cidade de Contagem. Seu nome verdadeiro é Salim Pereira Lages, 43, uma figura conhecida pelos moradores da cidade mineira. 

“Eu acredito na culpa do Bruno. Onde já se viu matar a moça e esconder o corpo”, afirmou, quando questionado sobre o julgamento dos suspeitos de terem matado Eliza Samudio, ex-amante do goleiro. Ele, mesmo dizendo que não é adepto da violência, disse que estaria preparado para fazer “justiça com as próprias mãos”, se necessário.

Com cruz, homem percorre julgamentos "badalados"

  • O empresário do setor gráfico André Luiz dos Santos, 51, de Viçosa (MG), diz que tem prejuízo em sua empresa quando se afasta dela para defender o que chama de “justiça para todos”. No entanto, diz ele, não “pode” deixar de se manifestar: “Quero justiça! Prefiro ter prejuízo”

Protestos

Outro grupo que se destacava entre os que se aglomeram na lateral do fórum era o que protestava contra cinco mortes que teriam sido provocadas pela disputa de terra na cidade de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em novembro de 2004. Ele disseram ser integrantes do movimento dos sem-terra. 

“A mesma atenção que é dada pela imprensa ao caso do goleiro Bruno” deveria que ser destinada ao crime, até hoje sem solução, explicou Sílvio Netto, 36, um dos líderes do protesto, ligado ao “Comitê Justiça para Felisburgo”. Um fazendeiro da região é acusado pelo assassinato.

Depois de participar de uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), na terça-feira (20), o grupo iria para o centro de Belo Horizonte para realizar outro protesto.

Nesta segunda-feira (19), um homem vestido de Papai Noel também aproveitou o movimento para protestar contra vereadores eleitos de uma cidade do interior de Minas Gerais.

Além dele, mulheres de movimentos sociais da cidade de Contagem (MG) levaram cruzes com nomes de mulheres supostamente vítimas de violência e as colocaram em um gramado que fica em frente ao fórum.

No segundo dia de julgamento, a frente do fórum foi isolada ao público. Por ali, passam apenas jornalistas e pessoas com compromissos agendados no fórum, que manteve as atividades normalmente.