Mãe de crianças adotadas à força já está a caminho de casa com os cinco filhos na Bahia

A mãe das cinco crianças retiradas à força da casa em que viviam em Monte Santo (352 quilômetros de Salvador), Silvânia Mota da Silva, 25, e os filhos -uma menina de 1 ano e meio e quatro meninos, de 2, 4, 5 e 7 anos- já estão a caminho da cidade natal, na Bahia.

De acordo com o irmão de Silvânia, Silvânio Mota, 20, ela chegou a Salvador junto com os filhos na manhã desta quarta-feira (19). “Ela já saiu de Salvador. Está na estrada. Recebi uma mensagem dela às 10h”, disse ao UOL o irmão da dona de casa.

Vizinhos, amigos e familiares prepararam um bolo e uma festa para recepcioná-los. “Fizeram uma festinha aqui com bolo e tudo. Está todo mundo com muita saudade”, afirmou. A família está morando em uma casa alugada e já foi inserida no programa Minha Casa, Minha Vida.

A mãe biológica e as crianças estão sendo escoltados pela Polícia Federal. Os filhos de Silvânia ficaram 18 meses longe de casa, sob a tutela de quatro famílias paulistas, após decisão do juiz Vítor Manuel Xavier Bizerra, que determinou a guarda provisória das crianças e o encaminhamento para São Paulo. A decisão foi alvo de duras críticas de órgão da defesa dos direitos da criança da Bahia.

No entanto, no último dia 27, o atual juiz da comarca de Monte Santo, Luís Roberto Cappio Guedes Pereira, que estava reavaliando o caso, revogou a guarda provisória dos menores.

Processo

O UOL procurou o juiz Cappio para falar sobre o andamento do processo, mas ele não foi localizado.  Segundo a advogada de defesa da família biológica, Isabella Pinto, o processo de adoção continuará, e uma audiência está marcada para 11 de fevereiro, quando as famílias adotivas e a biológica deverão apresentar testemunhas. As famílias paulistas já anunciaram que vão recorrer da decisão de Cappio.

“O processo continua correndo. O juiz reconheceu a irregularidade da guarda provisória. As famílias paulistas vão ter que provar que a mãe não pode criar e que a família extensa também não tem condições e que eles são a melhor opção”, disse Isabella.

“Essa possibilidade é ínfima. A adoção é a última medida”, declarou a advogada, que foi na manhã desta quarta-feira para Monte Santo também para acompanhar o retorno.

Em um site da cidade (Monte Santo.net) foi relatado que ontem moradores do local organizaram uma mobilização pública para ajudar na limpeza e melhoria da casa onde as crianças vão morar com a mãe e os avós maternos.

Eles informaram que fizeram um “mutirão de limpeza” para receber “todas as doações que vizinhos, amigos e autoridades fizeram para ajudar a família nessa readaptação”. Está prevista ainda a chegada de um caminhão com doações.