Topo

Ação de 'piratas' assusta praticantes de pesca esportiva em rios da Baixada Santista

Cubatão está a 56 km de São Paulo - Arte UOL
Cubatão está a 56 km de São Paulo Imagem: Arte UOL

Rafael Motta

Do UOL, em Santos (SP)

17/01/2013 12h13

Pescadores e donos de marinas da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, cobram mais segurança para os praticantes de pesca esportiva nos rios que cortam a região. Eles temem a ação de assaltantes que, também em barcos, roubam frequentadores e levam embarcações, para desmontá-las e vender suas peças ou trocá-las por drogas.

O medo se intensificou na virada do ano. Em 27 de dezembro, um bando de ladrões simulou uma pane mecânica no barco em que estava, no rio Cascalho, em Cubatão (56 km de São Paulo), para se aproximar da embarcação onde estavam um marinheiro e três pescadores, de São Paulo. Foram assaltados e atirados ao rio. Um deles morreu afogado –o advogado Hitoshi Suekane, 78.

Os bandidos estavam em um barco roubado. Pouco antes, a polícia havia registrado o roubo de duas motos aquáticas (jet skis) no mesmo rio. O barco onde estavam os turistas foi encontrado no dia seguinte, em um rio próximo a uma área de mangue em Santos (72 km de São Paulo). Dele restaram só os bancos. Ninguém foi preso.

A garagem náutica à qual pertence o barco “depenado” fica em São Vicente (65 km de São Paulo). Seu proprietário, Yukito Yumoto, de 73 anos e há 61 no ramo, disse que a violência e a cobrança de taxas oficiais de licença para a pesca esportiva têm espantado frequentadores. Por isso, cogita vender as embarcações que possui.

“Antes, tinha espera para navegar, (tinha) que marcar (barco) para a semana seguinte. Hoje (terça-feira, 15), só saiu um. Tem gente que não está vindo mais. Por motivo de droga, eles (assaltantes) pegam o barco, vendem a qualquer preço e se escondem nas palafitas do (bairro) Casqueiro”, afirmou Yumoto, mencionando os barracos de madeira erguidos sobre o mangue às margens desse rio cubatense.

Em Cubatão, onde aconteceram os roubos mais recentes, o gerente de uma das nove marinas estabelecidas na cidade, Daniel Ravanelli Losada, afirma que os ladrões têm agido livremente. “Ocorrem ataques esporádicos, mas não há vigilância. Faz mais de dez anos, em 2002, que a Polícia Militar veio com embarcações, só que elas deixaram de ser usadas por falta de manutenção”.

Sem solução imediata

A Polícia Militar não dá prazo para que o patrulhamento dos rios locais seja retomado. “O policiamento daquela localidade já dispôs de barcos, porém, em caráter experimental. Recentemente, foi realizado um estudo no qual foi proposto um modelo considerado ideal para essa modalidade de patrulhamento fluvial. A aquisição desses veículos está sendo tratada pelo órgão responsável”, informou a corporação, em nota.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Cubatão, cidade em cujos rios têm ocorrido assaltos, disse que a questão será incluída no “plano de ação global” da recém-criada Secretaria Municipal de Segurança. Não adiantou o que poderá ser feito, pois o titular da pasta, Armando Campinas Junior, tomou posse na última segunda-feira (14).

A Capitania dos Portos do Estado de São Paulo alega que a proteção dos navegantes contra ladrões é atribuição da polícia. Suas tarefas se restringem a “salvaguarda da vida humana no mar, segurança do tráfego aquaviário e prevenção da poluição hídrica”. E destaca que o termo “pirataria” só se aplica em alto-mar e em águas internacionais (que não estão sob jurisdição de nenhum país).