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Após nove anos, julgamento dos acusados pela Chacina de Unaí volta à estaca zero

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

25/01/2013 16h00Atualizada em 25/01/2013 18h34

Nove anos após o crime, a juíza responsável pela 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, responsável pela ação penal do caso conhecido como Chacina de Unaí, decidiu há pouco que é "incompetente" para presidir o julgamento e remeteu novamente para a sub-seção da Justiça Federal de Unaí (MG) os autos do processo dos acusados pelo assassinato de quatro funcionários --três auditores fiscais e um motorista-- do Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo a juíza, à época do crime não havia a sub-seção da Justiça Federal em Unaí. Entretanto, em 2010, quando instâncias superiores julgavam recursos do processo, foi criada a vara da Justiça Federal na cidade. "Não há motivo para que o julgamento agora não seja feito em Unaí", disse.

Em 28 de fevereiro de 2004, foram assassinados os auditores fiscais Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira que investigavam a ocorrência de trabalho análogo ao de escravo na zona rural de Unaí (cidade a 609 km de Belo Horizonte).

Eles foram assassinados em uma emboscada quando se dirigiam a uma fazenda pertencente ao ex-prefeito de Unaí Antério Mânica (PSDB) e seu irmão Norberto Mânica. Foram emboscados em uma estrada vicinal e mortos com tiros na cabeça.

Nove pessoas foram indiciadas pelo crime, quatro estão em liberdade, beneficiadas por habeas corpus, e quatro foram presos --um deles desmembrou o processo. Um dos acusados morreu: Francisco Pinheiro.

Em seis meses, a Polícia Federal solucionou o crime e pediu o indiciamento dos acusados, além do ex-prefeito e seu irmão. Na Justiça, porém, o caso permanecia sem solução.

Diversas manifestações estão marcadas por todo o país para a segunda-feira (28) quando o crime completa nove anos. O dia 28 de janeiro foi oficializado pelo governo federal como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, uma forma de denunciar a escravidão e homenagear os auditores fiscais e o motorista assassinados em Minas Gerais.