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"Estamos fazendo o trabalho de um mês em um dia", diz coordenador de mutirão de enterros em Santa Maria

Thiago Varella

Do UOL, em Santa Maria (RS)

28/01/2013 12h28

A movimentação do Cemitério Municipal de Santa Maria, o maior da cidade gaúcha, continua intensa na manhã desta segunda-feira (28) para receber os corpos das vítimas do incêndio na boate Kiss, que deixou mais de 230 mortos e mais de cem feridos na madrugada de ontem (27).

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"Normalmente fazemos vinte enterros por semana. Estamos fazendo o trabalho de um mês em apenas um dia", disse Tubias Calil, coordenador do cemitério e do mutirão da prefeitura para os sepultamentos. Segundo ele, no mínimo 90 vítimas devem ser enterradas entre hoje e amanhã (29) no cemitério municipal, que tem dez hectares de área.

A maioria dos corpos estão sendo colocados em carneiras, que é uma espécie de gaveta, fechada posteriormente com tijolos, onde é possível depositar o caixão. Após a tragédia, a administração do cemitério fez um levantamento para saber quais carneiras poderiam ser limpas, e limparam 160 em apenas um dia e meio, disse Calil. Pela lei, após cinco anos já podem ser retiradas as ossadas das gavetas.

Além disso, no mínimo outros 65 enterros devem acontecer na cidade. O municipal é o que mais vai receber enterros, seguido do cemitério Santa Rita com 30, do cemitério da Saudade (Caturita) com doze, do cemitério São José, com doze, e do cemitério Pau a Pique, com dez enterros. Destes, apenas o Santa Rita é particular.

Quase nenhum dos sepultamentos está sendo feito por coveiros, e sim por voluntários do Exército. Santa Maria tem o segundo maior contingente de militares do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro.

O Cemitério Municipal de Santa Maria recebeu por volta das 10h30 o primeiro enterro, dos irmãos Marcelo de Freitas Salla Filho, 20, e Pedro de Oliveira Salla, 17. Os cemitérios de Santa Maria se preparam para dez vezes mais enterros do que em dias normais por conta da tragédia. Normalmente acontecem, em média, cinco enterros por dia.

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Mutirão

Com isso, foi organizado um "mutirão" para sepultar as pessoas. Coroas de flores e caixões estão sendo comprados em outras cidades, e a prefeitura já auxilia na transferência de corpos. Desde domingo não há coroas de flores e caixões suficientes, por isso, eles têm vindo de cidades vizinhas.

O número de pessoas que trabalha nos locais foi ampliado de forma emergencial e voluntários também estão sendo utilizados. A abertura dos cemitérios ocorreu às 7h30, mais cedo que em dias comuns.

Famílias pobres que necessitam transferência do corpo das vítimas terão auxílio da prefeitura da Santa Maria, que colocou sua estrutura à disposição para levar os mortos a suas cidades de origem.

E são muitos os que não são naturais de Santa Maria. A festa em que ocorreu a tragédia reunia universitários de vários cursos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). A cidade recebe estudantes de várias cidades da região por ser referência em capacitação profissional.Aos poucos, os corpos estão sendo liberados para voltarem às cidades de origem.

Na tragédia, 231 pessoas morreram, a maioria por asfixia por conta do excesso de fumaça. O incêndio na boate Kiss começou na madrugada de domingo. Segundo a causa mais provável, uma faísca vinda do show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira deu início ao fogo. A casa noturna tinha Plano de Prevenção de Incêndio vencido desde agosto.