Ciclistas agendam audiência com Haddad após acidente que deixou jovem mutilado na Paulista
Ciclistas e familiares do limpador de vidros David Santos, 21, fizeram neste domingo (17) um protesto na avenida Paulista para exigir uma punição exemplar do estudante Alex Siwek, também de 21 anos, responsável pelo atropelamento que decepou um dos braços de Santos. A caminhada teve início às 17h na Praça do Ciclista e seguiu até o prédio do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, no bairro Vila Mariana.
Os manifestantes foram recebidos pelo filho do prefeito, Frederico Haddad, que comprometeu-se a agendar uma audiência até a próxima sexta-feira (22). “Meu pai está aqui, mas como é domingo, ele está descansando. Não podemos criar um novo procedimento para atendimento de reivindicações. O que posso fazer é marcar uma reunião ainda para esta semana”, disse. Após firmado o compromisso, o movimento dispersou-se por voltas das 18h30.
De acordo com a Polícia Militar, 100 pessoas participaram do protesto. Os organizadores estimaram entre 200 e 250 participantes. Antes de seguir para o prédio do prefeito, por volta das 17h30, os ciclistas pararam durante cerca de dez minutos no Metrô Brigadeiro, local onde ocorreu o acidente no último domingo (10). Eles entoaram a palavra de ordem: “Menos Motor, Mais Amor” , levantaram suas bicicletas e distribuíram panfletos.
No poste em frente ao local do acidente, um braço de plástico com marcas de sangue foi pendurado para simbolizar o membro do jovem que ficou preso no carro e, posteriormente, jogado pelo motorista em um rio. De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, o motorista fugiu do local e disse que jogou o braço de David em um córrego da Avenida Ricardo Jafet, na zona sul da capital.
Braço foi pendurado em poste na avenida Paulista para lembrar atropelamento de ciclista
A mãe do jovem mutilado, a empregada doméstica Antônia Ferreira dos Santos, 51 anos, participou da manifestação. “O David está vendo e gostando muito. Ele fala que é um carinho muito grande que está recebendo e que não imaginava que fosse ter tantas pessoas ao lado dele. Quem sabe assim os governos tomam providência para criar uma lei mais pesada para que não aconteça esse tipo de acidente, que tenha uma punição maior”, disse.
Além de cobrar punição ao motorista que atropelou David, os manifestantes reivindicam melhorias no sistema viário da capital para permitir uma convivência harmoniosa entre motoristas e ciclistas. “Nossa proposta é chamar a atenção das pessoas em geral para mostrar que o número de ciclistas está aumentando e que é necessário mais respeito. É preciso dividir as vias. Os ciclistas podem andar na rua, assim como outros veículos, está previsto no Código de Trânsito”, explicou o desenhista Reinaldo Kramer, 41, participante do ato.
Os manifestantes defendem, por exemplo, a construção de uma ciclovia na Avenida Paulista. “As ciclofaixas deveriam ser 24 horas e não somente aos domingos. Muita gente usa a bicicleta como meio de transporte”, disse Kramer. Ele, que mora no bairro da Lapa, usa a bicicleta para ir ao trabalho todos os dias, no Butantã. “Nunca sofri um acidente, mas enfrento risco sempre. Que o acidente do David sirva pelo menos para provocar mudanças”, disse.
Para o funcionário público Rafael Tawaraya, 28, também participante do ato, melhorias nas vias não serão suficientes se não houver mudança de postura por parte dos motoristas. “Mesmo com ciclofaixas a proximidade dos carros é a mesma. A consciência do motorista é que torna a ciclofaixa segura ou não. Claro que é um pouco mais seguro, porque é separado, mas não adianta nada ter um cone, se os carros não respeitarem. É uma segurança relativa”, disse.
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