Jornalista detido por portar vinagre em ato contra aumento da tarifa é liberado
O jornalista Piero Locatelli, detido pela Polícia Militar e conduzido à delegacia por carregar vinagre durante o protesto contra o aumento da tarifa em São Paulo, foi liberado por volta de 19h desta quinta-feira (13). Ele é repórter de política da revista 'Carta Capital' e estava cobrindo o protesto.
A polícia deteve o jornalista e também manifestantes que estavam com vinagre com o argumento de que o produto pode ser utilizado para fabricar bombas. O vinagre é comumente usado em manifestações para aliviar os efeitos do gás lacrimogêneo jogado pela polícia.
Além de Piero, dezenas de manifestantes foram detidos no protesto contra o aumento da tarifa
Em nota, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) condenou a prisão do jornalista, que é associado do órgão. Em contato com a redação da revista, Piero afirmou que os agentes se negaram a dizer para onde ele seria levado.
O repórter esteve na delegacia dos Jardins com outros manifestantes. Outro profissional da imprensa também chegou a ser detido: o fotógrafo Fernando Borges, do Terra, passou 40 minutos com as mãos nas costas e de frente para uma parede, mas já foi liberado. A Abraji pediu que o repórter Piero Locatelli fosse posto em liberdade para que pudesse continuar cobrindo a manifestação e lamentou que a "polícia novamente impeça o trabalho da imprensa", dizia o comunicado.
A associação afirmou que Piero foi preso por levar vinagre na mochila. A substância alivia os efeitos do gás lacrimogêneo, mas a polícia alega que vinagre pode ser usado na confecção de bombas. Por volta de 19h15, a direção da revista informou, via Twitter, que ele havia sido solto.
O capitão da PM Elço Moreira contou à reportagem que os detidos estavam com coquetéis molotov, facas e maconha. Eles estão sendo encaminhados o 78º DP (Jardins).
A reportagem do UOL presenciou confronto entre policiais e manifestantes na esquina da rua Líbero Badaró e o viaduto do Chá, no centro. Jovens chegaram a jogar cones de sinalização contra os PMs.
Pessoas que passam pelas proximidades do Theatro Municipal, no centro, estão tendo as bolsas e mochilas revistadas por policiais militares. O local é o ponto de concentração do protesto.
Farmácias, lojas de calçados e de roupas próximas à praça Ramos de Azevedo estão fechando as portas, os comerciantes temem ter estabelecimentos danificados durante o protesto.
Mais jornalistas presos
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um jornalista do site Portal Aprendiz, parceiro do UOL, sendo agredido e preso por policiais militares durante o protesto contra o aumento do preço das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo, nesta terça-feira (11).
Um cinegrafista amador flagrou o momento em que policiais começam a bater no repórter. A jovem Johanna Jaumont assistiu às imagens e não tem dúvidas que se trata do seu namorado, Pedro Ribeiro Nogueira, 27. De acordo com a namorada do jornalista, sete PMs agrediram o jovem. "Bateram muito nele. Ele está com ferimentos no rosto, nas costas", fala.
O jornalista foi detido e levado para o 78º DP (Jardins), onde foi autuado em flagrante por formação de quadrilha, por provocar incêndio e por dano contra o patrimônio. Ele não teve direito a pagar fiança. Na manhã desta quarta-feira (12), ele foi transferido para o 2º DP (Bom Retiro).
Por meio de nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o delegado que indiciou o jornalista considerou que ele teve participação nos "atos de vandalismo". "A convicção jurídica do delegado se baseia em depoimentos de policiais que avistaram o rapaz danificando uma viatura e uma guarita policial", diz a nota. A SSP esclareceu que cabe agora à Justiça decidir se ele deve ou não ser colocado em liberdade.
Além de Pedro, o repórter da Folha Leandro Machado e o fotógrafo do UOL Leandro Moraes foram detidos quando cobriam a manifestação na avenida Paulista. Eles também foram levados para o 78º DP em um carro da PM e liberados após uma hora. O repórter Fernando Mellis, do portal R7, foi agredido por policiais durante o protesto.
A Abraji também condenou a agressão e as prisões. "A associação considera preocupante que esta ação contrária ao trabalho da imprensa parta do Estado, e justamente da PM, mandada à rua para manter a ordem e garantir direitos", afirmou em nota.
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