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Manifestantes voltam às ruas em Brasília e criticam pronunciamento de Dilma

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

22/06/2013 18h50Atualizada em 22/06/2013 20h30

O protesto da chamada "Marcha do Vinagre" tomou parte da Esplanada dos Ministérios na tarde deste sábado (22), em Brasília, e reuniu de 800 a mil pessoas, segundo a Polícia Militar.

No ato, que foi cancelado e depois confirmado novamente no Facebook, os manifestantes repercutiram o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão da presidente Dilma Rousseff.

O estudante Davi Lucas, 17 anos, trazia um cartaz com os dizeres "Dilma, não aceitamos seu blablablá". "Foi desaforo ela não tocar no assunto da PEC 37", declarou, sobre a proposta que limita poderes de investigação do Ministério Público. "Achei ridículo ela dizer que não teve dinheiro para investir", disse ele.

Assista à íntegra do discurso da presidente Dilma

Davi também acha "um absurdo trazer médicos do exterior, sendo que ela deveria investir nas universidades do Brasil".

Para a vendedora Nádia Aude, de 30 anos, a fala da presidente não foi "satisfatória". Ela escolheu vir hoje à marcha porque imaginou que teria menos gente, para evitar o tumulto que houve na quinta-feira.

Manifestante critica Dilma

  • Eraldo Peres/AP

    Dilma também foi criticada durante a Marcha das Vadias, que reuniu 3.000 na capital

Nádia diz que veio protestar contra a corrupção e acha que o movimento tem que continuar e tem esperança que alguma mudança vai acontecer.

A ambulante Francisca Aurileme reclamou do movimento fraco no ato deste sábado. Ela chegou às 10h30 da manhã, em frente ao Congresso, e por volta das 17h30 estava indo embora com seu isopor de água e refrigerante.

"Essas manifestações têm que continuar. Que nem a Dilma ontem falou, mas foi para inglês ver e para adoçar o ouvido dos manifestantes"

Um casal de turistas de Belém passeava pela Esplanada e não sabia que ia ter manifestação.  A pedagoga Odileila Silva, 42 anos, apoia o movimento e não viu nenhum problema na manifestação.

Camila Pacheco Castro e Silva, 27 anos, e o marido Vitor Feijão de Melo, 27 anos, com o filho Vinicius, de 5 anos, vieram no meio da tarde para participar da passeata para reivindicar melhorias na saúde e na educação. "A gente paga muito imposto para não ter nenhum retorno", disse Camila.

Após passar pela Esplanada dos Ministérios, os manifestantes subiram até a Rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília. Como o ato não estava combinado com a Polícia Militar, em alguns momentos houve confusão no trânsito na passagem conhecida como "buraco do Tatu". Alguns manifestantes chegaram a soltar bombas perto da PM, mas não houve maiores atritos.

A psicóloga Núbia Rocha, 22 anos, disse que não aprovou o pronunciamento da presidente. Para ela, a impressão é que o governo não está sabendo se posicionar diante de tantas manifestações. "O pronunciamento foi só para dar uma resposta à sociedade."

A também psicóloga Renata Honorato, 26 anos, achou que Dilma "enrolou" no discursou porque não teve nada de muito concreto. "Foi mais para apaziguar os ânimos". Ambas estavam na Marcha das Vadias e resolveram aderir a esta outra marcha para engrossar o coro contra a proposta de cura gay.

A estudante Márcia Rodrigues de Moura Fernandes, 27 anos, disse que não conseguiu assistir, mas que o comentário geral entre os amigos era que o pronunciamento não representou nada de mais. A presidente concordou que o protesto é um direito da sociedade, mas não propôs nada efetivo.

Segundo a PM, três pessoas foram detidas nos protestos de hoje, sendo dois menores de idade. Eles portavam coquetéis molotov e estiletes nas mochilas e foram encaminhados à 5ª Delegacia de Polícia.