Contribuinte deve pagar pela tarifa zero no transporte, diz Passe Livre em sabatina
Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
27/06/2013 15h22Atualizada em 27/06/2013 18h40
O contribuinte é quem deveria arcar com os impostos para que a tarifa no transporte público seja zero, defendeu Caio Martins, integrante do Movimento Passe Livre, em sabatina realizada nesta quinta-feira (27) pelo UOL e a Folha, em São Paulo.
“A presidente Dilma [Rousseff] disse que ou paga o usuário ou o contribuinte, mas entendemos que deveria ser a sociedade inteira, deveria ser o contribuinte”, afirmou Martins. Questionado sobre como obter a simpatia da sociedade quanto a essa proposta, ele respondeu: "Hoje, na verdade, é bizarro porque uma parte quem paga é o contribuinte, porque tem subsídio, e outra, o usuário".
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“A imprensa passa a imagem de que a gente é ingênuo de achar que existe ‘almoço grátis’, transporte grátis. Nós defendemos a tarifa zero, mas que seja paga de outra forma”, completou Mariana Toledo, que integra o movimento e também é sabatinada.
O movimento é responsável por organizar protestos contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista, que desencadearam uma onda de manifestações em todo o país por várias outras razões.
Os ativistas, porém, não consideram que o mérito seja exclusivo do Passe Livre. “O movimento não barrou o aumento, o que a gente viu foi uma revolta da cidade de São Paulo para barrar o aumento.”
Eles também descartaram que a decisão do governo de voltar atrás e reduzir a tarifa tenha sido em consequência dos atos de vandalismo durante o sexto dia de protestos. Para Martins, isso aconteceu em decorrência da pressão popular.
"O Brasil não está acostumado com manifestação pacífica. (...) É difícil ser pacífico na rua porque o Estado não é pacífico com as manifestações", afirmou Martins ao citar a repressão da polícia.
Segundo eles, o Passe Livre se esforça para conscientizar as pessoas do caráter pacífico das manifestações, mas descarta ajudar a Polícia Militar na identificação de eventuais vândalos, porque consideram que esse não é papel do movimento.
Com um discurso apartidário, os ativistas defenderam que o movimento continue sem vínculos com legendas políticas para poder "decidir por si próprio". Martins reconheceu no entanto, que o movimento "dialoga" com algumas siglas. "Existe um sentimento antipartidário e o MPL é apartidário, mas dialoga com os partidos que ajudam a construir as manifestações."
Ao comentar o projeto de lei apresentado pelo presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que prevê tarifa zero para todos os estudantes do país, Mariana o classificou de "ligeiramente oportunista". Segundo ela, é uma tentativa de esvaziar o movimento, que propõe tarifa zero para todo mundo. "Queremos ampliar o direito [à tarifa zero] e não restringir para algum setor apenas", disse.
O evento era aberto ao público e aconteceu no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. A discussão teve mediação da repórter especial da Folha Patrícia Campos Mello e a participação de Alan Gripp, editor de "Cotidiano", de Uirá Machado, editor-assistente de "Opinião", e da repórter do UOL Notícias Janaina Garcia.
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