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Garçom que participou de morte de estudante por causa de R$ 7 se apresenta à Justiça e ficará livre

Estudante campineiro Mário dos Santos Sampaio, 22, morto a facadas, ao lado da então namorada Patrícia Bonani - Arquivo pessoal
Estudante campineiro Mário dos Santos Sampaio, 22, morto a facadas, ao lado da então namorada Patrícia Bonani Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Brazil

Do UOL, no Guarujá (SP)

16/07/2013 22h34

Foragido desde a decretação de sua prisão pela Justiça por homicídio qualificado, em fevereiro passado, o garçom Robson Jesus de Lima apresentou-se nesta terça-feira (16) à juíza Carla Milhomens Lopes de Figueiredo Gonçalves de Bonis, e responderá ao processo em liberdade. Lima é acusado de participação no assassinato a facadas do estudante Mário dos Santos Sampaio, 22, morto na véspera de Ano Novo passada após uma discussão motivada pela diferença de  R$ 7 na conta de um jantar em churrascaria no município de Guarujá (litoral sul paulista).

O garçom havia sido intimado por edital e compareceu espontaneamente à primeira audiência de instrução do processo aberto para apurar o crime pelo qual foi indiciado. Ele alega ser inocente da acusação de homicídio qualificado.
 
Além de Lima, José Adão Pereira Passos, 55, dono da churrascaria, que confessou ter dado as três facadas que vitimaram o estudante de Campinas (94 km de São Paulo), e Diego Souza Passos, filho do empresário, são acusados pela morte do estudante. Ambos estão presos desde janeiro e seguirão detidos, apesar de pedidos de soltura apresentados à juiza pelo advogado de defesa.
 
Para a audiência realizada na tarde desta terça-feira, no Fórum da Comarca do Guarujá, foram convocadas 11 pessoas, entre funcionários da churrascaria, testemunhas protegidas pela Justiça, o delegado responsável pelo inquérito policial, Luiz Ricardo Lara, e policiais.
 
De acordo com o advogado da família da vítima que acompanha o caso, Antônio Gonzalez dos Santos Filho, os três réus pediram à juíza, à Promotoria e a ele próprio que iniciassem a audiência com seus depoimentos, invertendo a pauta anteriormente indicada.
 
Segundo Santos Filho, pai e filho teriam abandonado a versão de legítima defesa, apresentada em depoimentos à Polícia Civil. “O José Adão assumiu a culpa”, diz o advogado, indicando que esta seria uma tentativa de inocentar Diego.
 
Já Alexandre Beserra Subtil, advogado do garçom, afirmou ao deixar a audiência que seu cliente é inocente em relação à acusação de assassinato, pois teria participado apenas de uma discussão e agressão à vítima anterior ao assassinato.
 
“O rapaz estava só trabalhando. O que ele fez de errado foi participar da confusão até determinado momento. Quando o estudante foi ferido, o Robson não estava mais na confusão”, afirma o advogado.
 
Parentes e amigos de Mário dos Santos Sampaio lamentaram a liberação do garçom. “Acho que foi completamente errada a decisão (da juíza pela liberação de Robson Lima), porque foi ele quem levou a faca para o (José) Adão e impediu a saída do meu filho da churrascaria”, afirma Renato Camargo Sampaio, pai da vítima. “A gente está atrás de Justiça. Esperamos... Ansiamos”, diz.
 
Renato Sampaio participou de uma vigília pacífica realizada em frente ao fórum, que reuniu pelo menos 20 pessoas, entre parentes e amigos de Mário, além de representantes de movimentos de combate à violência, como o que divulga uma petição pelo fim da impunidade com sugestão de mudanças no Código Penal, e o grupo Justiça é o que se Busca, que reúne famílias de mais de 400 vítimas da violência no País.
 
A juíza Carla de Bonis convocou nova audiência para o dia 15 de outubro de 2013, quando deverá concluir a interpelação de quatro testemunhas que não puderam ser ouvidas nesta terça-feira. A Justiça também tem agendadas para este ano audiências para a tomada de depoimentos de testemunhas nas cidades paulistas de Campinas, Piracicaba  e São Paulo.
 

Entenda o caso

Mário dos Santos Sampaio, que era natural de Campinas, estava no Guarujá acompanhado por cinco amigos para celebrar o Réveillon. No dia 31 de dezembro de 2012, o grupo decidiu jantar no restaurante de José Adão Pereira Passos. Após a refeição, Mário teria reclamado de uma diferença de R$ 7,00 cobrada a mais no valor da refeição em relação à placa de divulgação de preços do próprio restaurante.

Segundo testemunhas, Mário e Diego teriam discutido e trocado agressões, com participação do garçom Robson Lima. O pai de Diego e dono da churrascaria teria se aproximado, então, e dado três facadas na vítima, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local.