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Ao lado de papa, Dilma diz que protestos de jovens são 'luta legítima por uma nova sociedade'

Hanrrikson de Andrade e Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

22/07/2013 18h22Atualizada em 22/07/2013 20h16

A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou na noite desta segunda-feira (22), em discurso ao lado do papa Francisco, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, que os protestos realizados nos últimos meses no Brasil, protagonizados pela juventude, são uma “luta legítima por uma nova sociedade”.

Dilma diz que é uma honra receber o 1º papa latino-americano

Em seguida, Dilma afirmou que “todos os avanços que conquistamos foram só o começo” e que “nossa estratégia de desenvolvimento vai exigir mais”. “A juventude brasileira foi protagonista e clama por mais direitos sociais. Os jovens querem viver plenamente. Estão cansados da violência que muitas vezes o tornam vítimas”, disse. “Os jovens estão na luta legítima por uma nova sociedade. Esse é um momento muito especial para a realização dessa Jornada Mundial da Juventude. Potencializa o que jovens tem de mais valoroso e contagiante.”

O discurso de Dilma foi feito durante cerimônia de boas-vindas do papa. A presidente o recebeu lembrando a origem latino-americana do papa, que é argentino. “É uma honra ao povo brasileiro recebê-lo, honra redobrada em se tratando do primeiro papa latino americano”

“A presença de sua santidade no Brasil nos oferece a oportunidade de valorizar o dialogo com a Santa Sé em prol de justiça social, solidariedade, direitos humanos e paz entre as nações. Sabemos que temos diante de nós um líder religioso sensível aos anseios de nossos povos de justiça social, oportunidade para todos e dignidade cidadã. Lutamos contra um inimigo comum: a desigualdade, em todas as suas formas, essa é a convergência do Estado brasileiro com todas as religiões.”

‘Em seu discurso de 16 de maio, vossa santidade manifestou indignação ao falar sobre a crise e o papel nocivo das ideologias que visam o enfraquecimento do Estado. Manifestou preocupação com a globalização da indiferença, compartilhamos e nos juntamos a essa posição”, disse. 

“Estratégias de superação da crise econômica centradas só na austeridade, sem a devida atenção ao custo social acarretado, golpeiam os mais pobres e o mais jovens. Geram xenofobia e desrespeito pelos outros", declarou a presidente. A mandatária pediu ainda que a Igreja participe do combate à fome e à miséria na África. 

Campo do Fluminense

O helicóptero da FAB (Força Aérea Brasileira) que transportava Francisco pousou por volta de 17h50 no campo do estádio das Laranjeiras, do Fluminense, que fica ao lado do Palácio Guanabara, nas Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro. Enquanto caminhava pelas dependências do clube, o papa foi saudado pelos sócios com gritos de "Nense" e "e ô e ô o Francisco é tricolor". 

O papa Francisco embarcou no helicóptero por volta de 17h40  do Terceiro Comando Regional, no Castelo, no centro. Além de Dilma, a cerimônia no Palácio Guanabara tem a presença do governador do Estado, Sérgio Cabral, e do prefeito da capital, Eduardo Paes, entre outras autoridades.Ao final da cerimônia de boas vindas, Francisco terá uma reunião privada com a presidente. 

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Depois do encontro, o papa seguirá para a Residência Assunção, no alto da estrada do Sumaré, no Alto da Boa Vista (zona norte), que já hospedou o papa João Paulo 2º duas vezes. Encravada na floresta da Tijuca, a residência hospedará o papa ao longo de toda a semana.

Papa pega trânsito e beija crianças

Durante percurso entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, e a Catedral Metropolitana de São Sebastião, no centro, o papa cumprimentou fiéis, beijou crianças e chegou até a ficar preso no trânsito. 

Do Galeão, onde desembarcou às 17h43, Francisco seguiu em carro fechado até a Catedral. O veículo que transportou o pontífice é um Fiat Idea, de cor prata. No banco traseiro, Francisco manteve a janela do carro totalmente aberta na maior parte do tempo. 

Na avenida Presidente Vargas, já no centro do Rio, o carro com o papa estacionou para que o pontífice cumprimentasse fiéis que o cercavam. Muitos conseguiram tocar no pontífice, enquanto seguranças se desdobravam para evitar o contato, que não estava previsto. 

Ainda na Presidente Vargas, próximo ao cruzamento com a avenida Rio Branco, a comitiva papal acessou a pista que não estava interditada ao tráfego, ficando presa num engarrafamento de coletivos. Neste momento, centenas de fiéis se aproximaram do veículo com o papa. Uma mulher entregou uma criança para o pontífice pela janela do carro. Francisco a beijou e a devolveu à mulher.

Ao longo do percurso, cinco carros e duas motos escoltaram o carro que levava o papa, que circulou pela linha Vermelha e passou ao lado do complexo de favelas da Maré, na zona norte.

Papamóvel 

Por volta das 17h, o papa chegou à Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, onde trocou o veículo fechado em que estava pelo papamóvel. Pelo menos 10 mil pessoas aguardavam a chegada do papa, segundo estimativa da Guarda Municipal. Os fiéis começaram a chegar às 9h.

Enquanto Francisco trocava de veículo, fiéis o cercaram e gritavam "papa, eu te amo" e "a juventude é do papa", entre outras coisas.

De papamóvel, Francisco circulou por várias vias do centro, em meio à multidão de fiéis. Na avenida Graça Aranha, o pontífice beijou outra criança. A comitiva do papa Francisco é acompanhada por carros da Polícia Federal, da Guarda Municipal do Rio e da Polícia Militar

Desembarque

O avião do papa Francisco pousou no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, às 15h43 desta segunda-feira (22) depois de quase 12 horas de viagem desde Roma, na Itália. O avião, da companhia Alitalia, estava com as bandeiras do Brasil e do Vaticano nas janelas da cabine. Francisco foi recepcionado pela presidente Dilma Rousseff, pelo governador do Estado, Sérgio Cabral, e pelo prefeito da capital, Eduardo Paes, entre outras autoridades.

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O Sumo Pontífice desceu da aeronave às 16h, acenou para o público e foi recepcionado pela presidente. Ambos conversaram por alguns segundos. Em seguida, ele ganhou dois buquês de flores de uma jovem e, ao lado de Dilma e do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, cumprimentou um a um os integrantes da comitiva que o aguardavam.

Um coral com crianças e jovens de três paróquias do Rio saudou o líder maior da Igreja Católica com o hino da atual edição da Jornada Mundial da Juventude. Depois, cantaram uma música, em português, espanhol e inglês, com o refrão "Abençoa, abençoa, abençoa este povo que te ama, abençoa, abençoa, papa Francisco o teu povo abençoa". O papa agradeceu o coral, que em seguida cantou a marchinha "Cidade Maravilhosa".

Pelo menos 10 mil pessoas aguardam a chegada do papa Francisco dentro e fora da catedral, segundo estimativa da Guarda Municipal. Os fiéis começaram a chegar às 9h. 

No local, o pontífice embarcará pela primeira vez no papamóvel e passará pela avenida República do Chile, avenida Rio Branco, rua Araújo Porto Alegre, avenida Graça Aranha, avenida Nilo Peçanha e novamente pela avenida Rio Branco. O trajeto aberto terminará no Theatro Municipal.

De carro fechado, ele irá para o Terceiro Comando Aéreo Regional, no Castelo, onde pegará o helicóptero em direção ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras (zona sul), para a cerimônia de boas-vindas.

Em seguida, Francisco terá uma reunião privada com a presidente, marcada para começar às 17h40. A previsão é que Dilma proponha ao pontífice apoio a projetos internacionais de combate à pobreza e à exclusão social, como iniciativas voltadas para o continente africano.

Após o encontro, o papa seguirá para a Residência Assunção, no alto da estrada do Sumaré, no Alto da Boa Vista (zona norte), que já hospedou o papa João Paulo 2º duas vezes. Encravada na floresta da Tijuca, a residência hospedará o papa ao longo de toda a semana.

Infográfico

  • Veja quais lugares o papa deve visitar durante a Jornada

Primeira viagem internacional

A primeira viagem do papa Francisco começou por volta das 9h (4h de Brasília) desta segunda-feira (22). O voo partiu de Roma com direção ao Rio de Janeiro --onde o pontífice presidirá a 28ª Jornada Mundial da Juventude.

Levado de helicóptero para o aeroporto de Fiumicino, onde foi recebido pelo chefe do governo italiano, Enrico Letta, Francisco, o primeiro papa latino-americano da história, chegou ao avião carregando sua própria bagagem de mão para a sua primeira viagem oficial ao exterior no posto de sumo pontífice.

O avião --um Airbus A330, da companhia italiana Alitalia-- deve aterrissar no aeroporto Antônio Carlos Jobim no Rio de Janeiro às 16h local, após percorrer os 9.200 quilômetros que separam ambas as cidades. A aeronave leva a bordo 105 passageiros, incluindo vários jornalistas.

Já dentro do avião que o traz ao Brasil, o papa Francisco expressou pelo Twitter sua "alegria" de estar em breve no Rio de Janeiro para se encontrar com os jovens durante a Jornada Mundial da Juventude. 

Papa embarca em Roma para o Brasil

"Dentro de algumas horas chego ao Brasil, e já sinto o coração cheio de alegria por em breve estar celebrando com vocês a 28ª JMJ", se lê no tweet do papa argentino, que escreveu durante o voo rumo ao Rio de Janeiro.

Aos jornalistas que o acompanham na viagem, o papa disse que a crise mundial está "causando muitos prejuízos aos jovens". O pontífice também demonstrou preocupação com o que chamou de "geração que nunca teve trabalho".

A viagem também teve momentos de descontração. "Vocês não se conformam com nada". Foi o que o papa Francisco respondeu ao ser questionado por jornalistas brasileiros durante o voo entre Roma e Rio de Janeiro sobre o fato de alguns "lamentarem" a nacionalidade argentina do pontífice. "Vocês querem tudo", brincou ele, que acrescentou: "Vocês já têm um Deus brasileiro, queriam um papa brasileiro também?".