Papa tem encontro com detentos no palácio episcopal São Joaquim antes da oração do Angelus

O papa Francisco chegou por volta das 11h desta sexta-feira (26) ao palácio episcopal São Joaquim, na Glória, onde deve fazer a oração do Angelus, marcada para o meio-dia. Peregrinos e fiéis se aglomeram diante do local e todas as pistas da rua da Gloria estão tomas.

A visualização da fachada do palácio episcopal é dificultada pelas árvores que ficam em frente ao edifício.

A visita do papa coloca a Glória, na zona sul do Rio, em evidência. Nunca um papa esteve na residência oficial do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, instalada no bairro.

A agenda de Francisco no local inclui primeiramente um encontro com cinco detentos, às 11h30. No Balcão Central do Palácio, ele fará uma oração do Angelus Domini, às 12h. Para as 12h15, está prevista uma saudação do papa ao Comitê Organizador da Jornada Mundial da Juventude e aos patrocinadores do evento.

Em seguida, às 13h, o papa vai almoçar com jovens de cinco continentes no Salão Redondo, no Palácio São Joaquim. Para a refeição, foi preparado um prato com toque brasileiro: arroz com abóbora e filé recheado com queijo provolone e aspargos na manteiga.

A partir das 18h, o papa participa da via-sacra com jovens na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, onde ele fará um discurso.

Um dos bairros mais antigos do Rio, a Gloria abriga o Outeiro da Glória, lugar onde dom Pedro 1º ia à missa diariamente. Com o passar dos anos e o aumento dos crimes na região - o morro do Santo Amaro abrigava uma cracolândia -, a Glória deixou de ser ponto obrigatório de turismo.

Há um ano, a Força Nacional de Segurança ocupa o morro e tenta acabar com o uso de crack e os crimes na região. "A visita do papa vai ser boa para o bairro. Temos o outeiro, mas deixamos de ser referência. Precisou um argentino fazer da Glória referência novamente", disse Jorge Bernardo Mendes, 59, presidente da AMO-Glória (Associação dos Moradores e Ouvidores da Glória).

Os moradores tinham dúvidas sobre a vinda de Francisco para o palácio. Segundo Mendes, a informação prévia da Igreja era de que o papa viria. Depois, a afirmação era de que o papa não iria à Gloria. Somente na última quarta-feira (24) a prefeitura informou à associação que a visita ocorreria, disse o presidente.

"Queríamos poder melhorar aqui na frente do palácio, pedir para podar a árvore", disse o presidente da associação sobre uma árvore que fica bem em frente ao balcão de onde o papa fará a oração do Ângelus.

O chefe de cozinha francês Jean Pierre Fivria, 50, que mora há 15 anos no bairro, estava animado com o evento. Ele disse que está ajudando como "guia" de peregrinos, que sempre o param para pedir informações. "Dou informação de onde é o metrô, onde comer, onde são os eventos. Esses americanos não sabiam que não vai mais ter o evento em Guaratiba", disse.

O casal Alfredo e Teresa Alves achou mais cômodo tentar ver o papa na Glória. Eles moram na barra, mas, por causa da idade - ela com 67, e ele, com 71 -, acharam melhor não se arriscar na chuva da última quinta (25).

Alfredo morou na Glória e tem muito carinho pelo bairro. "Tenho ainda um apartamento aqui, minhas irmãs moram aqui. Eu adoro a Gloria". Teresa estava emocionada com a possibilidade de ver Francisco no balcão do palácio. "Ele é demais, não me importo em esperar."