Via sacra do peregrino gringo da Jornada inclui furto, frio, fome e pânico no metrô
Eles são, oficialmente, mais de 350 mil. Andam em grupos, cantando músicas religiosas, gritando o nome do papa Francisco e carregando a bandeira de seus países. Parecem sempre alegres, mas não é bem assim.
Os jovens peregrinos na Jornada Mundial da Juventude estão enfrentando alguns problemas sérios no Rio de Janeiro. A via-crúcis inclui casos de furto, dificuldade para se alimentar, frio e chuva em excesso e sérios transtornos no metrô da cidade.
A reportagem do UOL conversou com duas dezenas de jovens na quinta-feira (25), na avenida Atlântica, durante a chamada Cerimônia da Acolhida, o primeiro encontro do papa com os participantes da Jornada.
De um modo geral, todos estão felizes com a acolhida que receberam, mas aos poucos, na conversa, deixam escapar algumas reclamações.
“Está tudo ótimo”, diz a francesa Calixte Des Lauriers, antes de completar: “Menos pelos punguistas. Roubaram uma carteira, um cordão e uma bolsa de uma amiga minha”.
Casos de furto também foram relatados pelo australiano Ashok Kumar. “Roubaram a câmera fotográfica de um colega meu dentro do ônibus. Mas essas coisas sempre acontecem em multidões”.
Seu colega Thai Hong é menos compreensivo e desabafa: “Sofremos outro dia para sair porque o metrô estava fechado. Tivemos que pegar um ônibus lotado, até a avenida Rio Branco. A comida é cara, mais cara que na Austrália. Não consigo de jeito nenhum comprar um cartão para celular: Ninguém entende o que eu falo.”
O frio e a chuva pegaram as peregrinas de surpresa: “A chuva está atrapalhando muito. Eu só trouxe roupa de verão e não tenho mais o que usar com esse frio e chuva.”, reclama a argentina Augustina Franceschinis. “Não consigo comprar um casaco novo. O meu molhou. Todos os que vi nas lojas são muito caros”, lamenta a americana Angela Skowroner.
Muitos reclamam, também, das dificuldades com alimentação. Os peregrinos receberam um crédito de R$ 30 diários para gastos em estabelecimentos credenciados. “A comida é um pouco cara. Às vezes, usamos os R$ 30 de crédito para o dia em uma única refeição. Mas é comida boa”, diz a americana Emily Karrick.
“Para um evento deste porte, faltam restaurantes 24 horas. Têm poucos restaurantes credenciados. Ontem, fiquei quase duas horas na fila para comer no McDonalds”, diz Ratnasari Herawati, da Indonésia.
As filas quilométricas no metrô viraram rotina, mas os peregrinos têm enfrentado situações ainda mais graves, como relata Yu-Chun Hung, de Taiwan. “Ontem (quarta-feira), numa estação no centro, ficamos prensados numa ponte, sem poder andar pra frente nem pra trás. Fiquei em pânico. Era tanta gente querendo ir para os dois lados, que ninguém conseguia andar. Vi muita gente chorando.”
Entre os participantes da Jornada há muitos, porém, que não reclamam de nada.
A canadenses Sarah Yenko expressa bem essa posição: “Só o tempo é ruim, mas não reclamo. Estou aqui por Deus.”
A freira polonesa Monica Hoffmann acrescenta: “ É interessante para a gente conhecer a pobreza e a miséria. Todo mundo sofre por causa da miséria”.
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