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Peritos fazem teste de som com arma igual à usada em chacina na Brasilândia

Do UOL, em São Paulo

19/08/2013 18h42

Uma equipe de peritos retornou na madrugada desta segunda-feira (19) às casas em que cinco pessoas de uma mesma família foram mortas no último dia 5, na Brasilândia (zona norte de São Paulo), para testes de som com uma pistola idêntica à utilizada no crime --uma .40 de uso da Polícia Militar.

Equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), órgão da Polícia Civil onde o caso é investigado, acompanharam os peritos. O objetivo era esclarecer se vizinhos seriam capazes de ouvir os disparos que mataram o casal de PMs Luís Carlos Pesseghini, da Rota (tropa de elite da PM paulista), e Andréia Pesseghini, cabo no 18o. Batalhão da 1a. Companhia, na Freguesia do Ó (zona norte). Além dos policiais, também foram assassinadas a mãe da cabo, Benedita Oliveira, 65, e a tia dela, Bernadete Oliveira, 55.

O único suspeito nas investigações é o filho do casal, o estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos. Semana passada, depoimentos de colegas de escola do garoto reforçaram a hipótese levantada pela polícia menos de 24h após a localização dos corpos: eles disseram que Marcelo manifestara desejo de formar um grupo criminoso intitulado "Os mercenários". Para participar do grupo, os integrantes teriam de matar pessoas próximas.

Na perícia realizada de madrugada, foram instalados aparelhos de medição em duas casas da vizinhança. Para não afetar o resultado da operação, jornalistas e curiosos foram mantidos a uma distância mínima de 60 metros do local dos testes.

Durante o inquérito, vizinhos divergiram sobre o som dos disparos. Ao menos dois, no entanto, admitiram à polícia ter ouvido som de disparos. Na vizinhança do casal, semana passada, conhecidos das vítimas negaram ter ouvido bariulho do tipo.

Médica de suspeito depõe amanhã

Para esta semana, são aguardados os laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do local do crime, bem como novos depoimentos. Um deles é o da pneumologista pediátrica Neiva Damaceno, da Santa Casa, que atendia Marcelo em virtude da fibrose cística de que ele era vítima.

Há duas semanas, ao programa Fantástico, da TV Globo, ela se disse chocada com a notícia da chacina e com a suposição de autoria sobre o ex-paciente.

Ao programa, a médica --chefe do Ambulatório de Fibrose Cística da Santa Casa de São Paulo -- disse que Marcelo, portador da doença, fazia tratamento no hospital a cada seis semanas, sempre acompanhado de um dos quatro familiares envolvidos na tragédia. Conforme a médica, o menino tinha uma rotina diária de fisioterapia respiratória aliada a duas a três sessões de inalação.

"Era um menino muito educado, afetuoso, sorridente", relatou a médica, que se disse "confusa e assustada" ao ter recebido a notícia da chacina e da suposta autoria atribuída a seu paciente.

"Para mim, ele era uma doce criança. Como se pode atribuir um fato tão horrível a essa criança?", questionou. "Esse é o maior desafio que eu já vi. É como se amanhã eu acordasse, pegasse um revólver e saísse promovendo uma chacina", concluiu, sobre a versão apresentada pela polícia.