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Delator acusa "rei do feijão" de ser mandante dos assassinatos em Unaí (MG)

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

28/08/2013 21h48

O empresário agrícola Hugo Alves Pimenta delatou nesta quarta-feira (28) o fazendeiro Norberto Mânica, o “rei do feijão”, como mandante do assassinato de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2004, na Chacina de Unaí (606 km de Belo Horizonte). 

No segundo dia de sessão do julgamento de oito acusados pelo atentado, Pimenta disse que Norberto Mânica foi responsável pelas mortes dos três auditores fiscais e do motorista numa tentativa de obter uma redução de pena que pode variar entre 1/3 e 2/3, com a delação premiada.

O informante, porém, não citou o nome do irmão de Norberto, Antério Mânica (PSDB), ex-prefeito de Unaí, entre 2005 e 2012, e denunciado também como mandante do crime. Durante o depoimento, Pimenta afirmou que só iria falar de Antério Mânica “em outro momento”.

O advogado do ex-prefeito Marcelo Leonardo afirmou que seu cliente não tem envolvimento com o caso. “Se as pessoas forem justas e honestas, não o citam. Ele não tem envolvimento com o caso”, disse Leonardo.

Na avaliação do assistente de acusação Francisco Parente, o delator não trouxe todas as informações sobre o caso. “Não existe meia delação. Ela não está completa. Pode ser estratégia da defesa. Mas ele não falou tudo o que sabe”, disse Parente.

Pimenta é acusado de ter intermediado a encomenda dos assassinatos. Ele disse que presenciou diversas conversas telefônicas entre o fazendeiro e os acusados de executarem os funcionários públicos. “Ouvi o Norberto [Mânica] falando: eu não quero nem saber. Se tem mais gente com eles, tora, tora. Tora todo mundo”, afirmou, durante o depoimento. Ele se referia ao fato de que o alvo dos pistoleiros era somente um dos auditores fiscais e, no momento do crime, eram três mais o motorista.

Pimenta ainda afirmou que, após o crime, Norberto Mânica teria oferecido R$ 300 mil para Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan, dois dos três acusados de executores, para que eles assumissem o crime de latrocínio.

Nesta fase do julgamento, estão sentados no banco dos réus os acusados de serem os executores dos quatro homicídios: Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda. Em 17 de setembro, começam a ser julgados, além de Norberto Mãnica e o delator, outro acusado de intermediário, José Alberto de Carvalho, e, Humberto Ribeiro dos Santos, acusado pelo crime de formação de quadrilha, por ter atrapalhado as investigações.  Outro denunciado, Francisco Élder Pinheiro, morreu no início do ano.

A corte não marcou a data do julgamento do ex-prefeito Antério Mânica, embora ele esteja pronunciado nesta mesma sessão do júri.