Protesto que terminou em confronto na zona sul do Rio teve dez detidos
Na manhã desta quarta-feira (28), dia seguinte a mais um protesto contra o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), o bairro de Laranjeiras, na zona sul do Rio, exibia as marcas de depredação da tumultuada noite anterior, quando houve confrontos entre manifestantes e a Polícia Militar. Onze pessoas foram levadas por policiais militares para a 5ªDP, na Lapa, Centro, entre eles um menor. Segundo a Polícia Civil, três delas foram autuadas, uma por lesão corporal e resistência e as outras por desacato.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, os três manifestantes assinaram o termo circunstanciado e foram liberados em seguida. O adolescente, que foi conduzido à delegacia por recusa de dados de identificação e resistência, estava com um estilingue, bastão e touca ninja, e foi entregue aos responsáveis. Também foram realizados três registros de ocorrência de lesão corporal contra policiais militares, na 9ªDP, no Catete, zona sul. A polícia afirmou que as denúncias estão sendo investigadas.
Entre os feridos, há uma mulher, ainda não identificada, que foi atingida na cabeça por volta das 19h, no Largo do Machado, de onde saíam cerca de 150 pessoas em direção ao palácio Guanabara, sede do Governo Estadual.
A confusão começou quando um policial pediu para revistar um deles, que estava mascarado. Iniciou-se um tumulto e policiais do BPChoque (Batalhão de Polícia de Choque) jogaram uma bomba de efeito moral e atiraram balas de borracha contra o grupo, que revidou atirando pedras contra os PMs.
Uma das balas de borracha teria atingido a jovem, segundo manifestantes. A polícia, por outro lado, informou que ferimento tinha características semelhantes às de uma pedrada e que ela foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. O UOL procurou a Secretaria Municipal de Saúde, mas até o momento não obteve confirmação da identidade e nem do estado de saúde da vítima.
A PM divulgou a imagem de um policial ferido na cabeça durante o confronto. Segundo a corporação, Tiago Setúbal Amaral levou oito pontos depois de ser atingido por uma pedrada atirada por manifestantes e fez uma tomografia no Hospital Central da Polícia Militar.
O saldo da destruição inclui cinco agências bancárias, uma concessionária da Volkswagen, algumas paradas de ônibus e dezenas de lixeiras, nas ruas Pinheiro Machado e das Laranjeiras. Ontem à noite, eles também atearam fogo a entulhos e lixo, que foi espalhado pelas ruas.
Os atos provocaram reações acaloradas de moradores da região, que gritaram contra os manifestantes. Ovos e até pedras foram atirados da janela de um prédio na rua das Laranjeiras.
A onda de depredações começou depois de outro confronto, às 20h35, na rua Pinheiro Machado, onde fica o Palácio Guanabara. A polícia atirou bombas de gás e balas de borracha para conter cerca de 250 manifestantes que tentavam avançar contra o bloqueio que protege o Palácio Guanabara, e o grupo revidou com fogos de artifício e pedras.
"Balas de verdade"
Durante a dispersão, manifestantes encontraram cápsulas calibre 380 na rua, levantando a suspeita de que a PM teria usado armas de fogo durante o ato. A corporação informou que a pistola utilizada pela corporação é de calibre .40 e ressaltou que durante as manifestações não há nenhum registro de uso de arma letal por integrantes da corporação.
A PM informou ainda que realizou imagens das abordagens policiais e dos "tumultos provocados por vândalos", que serão enviadas à Polícia Civil para colaborar com as investigações.
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