Topo

Quatro dos dez PMs indiciados no caso Amarildo continuam na UPP da Rocinha

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

04/10/2013 10h47Atualizada em 04/10/2013 18h47

Quatro dos dez policiais militares lotados na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha e indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver no inquérito que investigou a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, continuam trabalhando na unidade, em serviços  burocráticos, segundo informou o comandante da PM, tenente-coronel Luis Castro Menezes.

Os policiais Anderson  Cesar Soares Maia, Wellington Tavares da Silva, Luis Felipe Medeiros e Fabio Brasil da Rocha Braga foram afastados do  patrulhamento nas ruas da comunidade, mas continuam exercendo funções administrativas na base da unidade.

O tenente-coronel Menezes disse apenas que não iria comentar o assunto até o encerramento das investigações. Outros cinco PMs exercem função na administrativa na sede da CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora). Já o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha afastado, entrou de férias. Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar afirmou que todos serão transferidos para a Diretoria Geral de Pessoal, sem função e sem gratificação.

BLOG DO MÁRIO MAGALHÃES

"A coragem que tempera o inquérito do caso Amarildo é inversamente proporcional ao destaque diminuto que as conclusões policiais receberam nos meios de comunicação: parece que se trata apenas de mais uma peça produzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro"

Na última quarta-feira (2), o promotor de Justiça Homero das Neves Freitas, que recebeu o inquérito da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio sobre o caso Amarildo, afirmou que toda a prova da investigação é testemunhal. Segundo Freitas, não há qualquer indício físico que incrimine os dez policiais militares indiciados.

O inquérito tem 2.000 páginas. O ajudante de pedreiro sumiu no dia 14 de julho, depois de ser levado por PMs para a sede da UPP na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que Amarildo foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem o pedreiro saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando.

Tortura

Segundo o relatório da Polícia Civil, que pede a prisão preventiva dos dez PMs indiciados, a tortura de moradores era costumeira nos contêineres da sede da UPP, no topo da favela.

Se condenados, as penas individuais dos PMs podem chegar a 30 anos. Todos negam as acusações. Eles afirmam que Amarildo foi ouvido e liberado em seguida. O advogado Marcos Espínola, que defende quatro dos dez PMs, afirmou que as provas contra os acusados são frágeis. "A polícia quis dar uma satisfação à opinião pública. Tenho certeza de que a fragilidade das provas resultará na absolvição dos policiais pela Justiça."