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Chuva causa desabamento com cinco feridos; trens da CPTM param e passageiros ficam presos

Movimentação em frente à casa que desabou parcialmente no bairro de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, após a forte chuva que atingiu a capital na tarde desta quinta-feira (23). Ao menos cinco pessoas da mesma família ficaram feridas no acidente, duas delas em estado grave - Adriano Lima/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Movimentação em frente à casa que desabou parcialmente no bairro de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, após a forte chuva que atingiu a capital na tarde desta quinta-feira (23). Ao menos cinco pessoas da mesma família ficaram feridas no acidente, duas delas em estado grave Imagem: Adriano Lima/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/01/2014 17h40

A forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo no final tarde desta quinta-feira (23), resultou em um desabamento, pontos de alagamento intransitáveis, semáforos quebrados e problemas na circulação de trens.

Alguns passageiros ficaram presos nos vagões da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)  entre as estações Tatuapé e Engenheiro Goulart e, desesperados chegaram a quebrar os vidros.

Em Cidade Ademar, na zona sul, parte de uma casa desabou, deixando ao menos cinco pessoas feridas, todas da mesma família.

Duas das vítimas receberam atendimento do Corpo de Bombeiros no local. As cinco pessoas que estavam na casa foram retiradas por socorristas, com a ajuda de vizinhos. Não há informações sobre o estado das vítimas.

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A parte da casa que ruiu chegou a atingir uma casa da rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, por volta das 18h40. 

Também na zona sul, as chuvas também provocaram transbordamento de um córrego. Moradores ficaram ilhados.

Segundo a Folha de S.Paulo, o aeroporto de Congonhas (zona sul) chegou a fechar por cerca de 20 minutos.

Pontos de alagamento; semáforos quebrados e lentidão de 122km

Por volta das 19h, além de Cidade Ademar, outras duas regiões entraram em estado de alerta: M´Boi Mirim e Campo Limpo.

Desde 17h15, São Paulo está em estado de atenção para alagamentos por causa da chuva.

A cidade registra 16 pontos de alagamento --11 intransitáveis-- e ao menos 54 semáforos com defeito por causa da chuva que atinge São Paulo. A cidade registra ainda 122 km de lentidão no trânsito.

Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), a maior parte dos alagamentos estão concentrados na subprefeitura de Santo Amaro, zona sul da cidade.

Ainda de acordo com o CGE, por volta das 17h, o aeródromo de Cumbica, em Guarulhos, registrou rajadas de vento de aproximadamente 37km/h. Há possibilidade de queda de granizo.

Trens da CPTM param; presos, passageiros quebram vidros

Passageiros que seguiam pela linha 12-Safira da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ficaram presos no trem na tarde de hoje, entre as estações Tatuapé e Engenheiro Goulart. Para sair da composição, usuários acionaram os dispositivos de emergência, que quebram os vidros. 

Segundo a CPTM, as fortes chuvas que atingiram a cidade e, em especial, a região do Alto Tietê, causaram alagamentos nas linhas 11-Coral e 12-Safira. 

Na extensão da Linha 11- Coral, os trens circularam por uma única via entre as estações Poá e Antonio Gianetti. Na Linha 12-Safira, a circulação estava interrompida entre as estações Aracaré e Calmon Viana e a CPTM acionou a operação Paese.

No entanto, por conta do alagamento, vários trens ficaram parados ao longo do trecho, o que motivou os usuários a acionarem os dispositivos de emergência, descendo para a via. A operação na Linha 12 foi suspensa e as estações fechadas. 

Enchente inunda casas na capital e na Grande São Paulo

Ontem, a chuva forte que atingiu a região da Grande São Paulo, no limite entre as cidades de São Paulo e Taboão da Serra, provocou o transbordamento do Córrego Pirajussara, e mais de 600 residências foram invadidas pela água, segundo levantamento inicial da Defesa Civil dos dois municípios.

Na área, a tempestade, que começou por volta das 19h, chegou a um pico de mais de 100 milímetros em apenas 40 minutos. Apenas nos bairros Jardim Leme e Jardim Clementino, em Taboão da Serra, a água entrou em 500 casas. A assessoria de imprensa da prefeitura não soube informar se algum imóvel foi interditado.

No distrito de Campo Limpo, na capital paulista, mais de 100 residências foram afetadas, informou o coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca. "Pelo que nós percorremos, não vimos nenhum imóvel que deva ser condenado. Elas [famílias] terão condições, tão logo seja feita a limpeza, de retornar para os seus imóveis".

Nesta manhã, caminhões e tratores faziam a limpeza das ruas, repletas de lixo, entulho, lama e móveis estragados pela água. Algumas famílias, como a da ajudante geral Mônica Coroni, de 39 anos, passaram a madrugada lavando a casa. "Conseguimos levantar os móveis e não tivemos prejuízos", disse ela.

José Adriano Delgado, de 38 anos, não teve a mesma sorte: a caminhonete foi levada pela água, a casa, inundada, e os todos os móveis foram perdidos. O veículo, que era usado como carreto, caiu no córrego Pirajussara e ficou totalmente destruído. "De repente, deu uma tromba d'água e levou o carro. Todo mundo falou para eu ir tirar de lá, mas eu não vou morrer por causa disso".

De manhã, os comerciantes também avaliavam os prejuízos. Cristiano Cutolo, dono de uma loja de autopeças, tentava recuperar a mercadoria que ficou debaixo d'água. Há 25 anos, Cutolo diz que sofre com as enchentes: cada alagamento resulta em prejuízos entre R$ 20 mil e 30 mil com produtos perdidos. Para evitar perdas, ele elevou o piso da loja. "Mesmo assim, a água chegou aqui. Ficou 2,5 metros acima da rua e, dentro da loja, 60 centímetros".

Algumas casas da região, porém, estavam abaixo do nível da rua, como a da faturista Juliana de Jesus de Almeida, de 24 anos. "Estávamos assistindo televisão e, em cinco minutos, encheu tudo em casa, perdemos tudo. Não deu para salvar nada", lamentou. De manhã, usando baldes, a família tentava tirar a água da casa.

O supervisor de limpeza Ronaldo Fabrício, de 42 anos, teve que quebrar parte da parede da sua casa para conseguir escoar a água. "Perdi freezer, sofá, cama de solteiro, tanquinho, tapete, colchão, mantimentos", contou ele, que mora há 30 anos no local.  Moradores mais antigos, como ele, disseram à Agência Brasil que a última enchente desse porte foi em 1995. Há dois anos, uma obra de canalização do córrego, que deveria melhorar os alagamentos, piorou a situação.

Segundo Jair Paca, a Defesa Civil ainda vai investigar o que provocou a piora. "Nós vamos verificar, vamos apurar, para ver se realmente foi alguma obra ou alguma outra coisa que aconteceu". (Com Band e Agência Brasil)