Garis decidem manter greve no Rio, e paralisação entra no 6º dia
Os cerca de 500 garis que se reuniram na manhã desta quinta-feira (6) na frente da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) decidiram por manter a greve da categoria, que teve início no último sábado (1º).
Após a votação, os grevistas saíram em passeata rumo à Prefeitura do Rio e, em seguida, debaixo de chuva, seguiram em direção à Câmara dos Vereadores. Por onde passaram, foram recebidos por gritos de apoio de pessoas que estavam nos prédios. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, havia anunciado, na noite de quarta (5), que suspenderia as cerca de 300 demissões de garis se os trabalhadores voltassem ao trabalho hoje. Nem a Comlurb nem os garis grevistas sabem informar quantos são os funcionários que não estão comparecendo ao trabalho. Ao todo, a companhia emprega 15 mil garis.
A paralisação começou em pleno Carnaval e deixou montanhas de lixo espalhadas pelas vias da capital fluminense. Os garis do Rio de Janeiro que não aderiram à greve começaram a trabalhar com escolta da Guarda Municipal e do Batalhão de Choque da Polícia Militar na madrugada desta quinta-feira.
As ruas amanheceram cheias de sujeira, mas alguns locais já estão limpos, como é o caso do bairro de Copacabana, na zona sul. Segundo a Comlurb, 13 bairros estão com 100% do efetivo nas ruas e a situação está melhor do que a encontrada pelos cariocas e turistas nos últimos dias: Centro, Lapa, Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel, Santa Teresa, Região Portuária, Campo Grande, Vigário Geral, Del Castilho, Copacabana, Botafogo.
Na zona oeste, de acordo com a companhia, ainda há algumas gerências com problemas na frequência de garis, e por isso há mais lixo nas ruas. No início da manhã, incidentes foram registrados no Recreio dos Bandeirantes e Pedra de Guaratiba, com veículos quebrados que prejudicaram o trabalho programado para a região. Não existe um esquema alternativo para suprir a demanda de limpeza.
Carnaval e greve de garis deixam rastro de lixo
Na quarta (5), quatro garis que aderiram à greve da categoria foram presos acusados de ameaçar colegas que estavam trabalhando. Eles foram autuados por atentado contra a liberdade do trabalho, crime previsto pelo artigo 197 do Código Penal.
As três primeiras prisões foram feitas em Ipanema (zona sul), quando garis foram impedidos de limpar a orla. O quarto caso aconteceu em Campo Grande (zona oeste da capital fluminense). Lá, o gerente da Comlurb identificado como Everaldo dos Santos Vargas contou ter sido agredido com um soco no rosto quando saía para trabalhar com sua equipe.
Os garis exigem aumento salarial, pagamento de horas extras e reajuste do auxílio refeição, entre outras reivindicações. Pelo acordo coletivo anunciado na segunda-feira, os garis terão 9% de aumento salarial (o piso passará de R$ 802 para R$ 874), mais 40% de adicional de insalubridade. Segundo a Comlurb, com isso, o vencimento inicial passará a ser de R$ 1.224,70. Além do aumento salarial, o acordo garantiu mais 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal. Os garis, no entanto, consideram a proposta insatisfatória, já que pedem um piso salarial de R$ 1.200.
*Colaborou Taís Vilela
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