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Garis protestam contra demissões em frente à sede da Comlurb, no Rio

Rogério Pereira Coutinho que era funcionário da Comlurb, foi comunicado sobre a demissão por uma mensagem de celular - Bruno Gonzalez / Extra / Agência O Globo
Rogério Pereira Coutinho que era funcionário da Comlurb, foi comunicado sobre a demissão por uma mensagem de celular Imagem: Bruno Gonzalez / Extra / Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

05/03/2014 12h23Atualizada em 05/03/2014 15h33

Pelo menos 500 pessoas se reúnem na tarde desta quarta-feira (5) em frente à sede da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, em ato convocado pelos garis que aderiram à greve da categoria.

Por volta de 14h, uma comissão formada por garis e advogados voluntários conseguiu entrar na sede da Comlurb para uma reunião com membros do Ministério Público, do sindicato da categoria --que enfrenta forte resistência do movimento grevista-- e do comando da Comlurb.

Os manifestantes exigiam a entrada da imprensa, mas a reivindicação não foi aceita pelos negociadores da companhia de limpeza. Policiais militares, com apoio do Batalhão de Choque,  formaram um cordão de isolamento para evitar que os garis tentem invadir a companhia.

Os manifestantes permaneciam na rua Major Ávila, em frente à Comlurb, aguardando o resultado da reunião entre grevistas e patrões. Carros trafegam pela via em apenas uma pista, congestionando o trânsito na região.

De acordo com um dos líderes do movimento dos garis, Célio Viana, o protesto não seguirá para o Sambódromo, conforme havia sido anunciado, onde ocorrerá a partir das 16h a apuração que vai definir a escola de samba campeã do Carnaval. "É uma festa popular. Não queremos estragar a festa de ninguém", disse ele.

Carnaval e greve de garis deixam rastro de lixo

Os manifestantes cobram da Comlurb a revogação imediata das 300 demissões anunciadas pelo órgão municipal há dois dias, que dizem respeito aos funcionários que não foram trabalhar no turno de segunda-feira. Os manifestantes pretendem ser recebidos pela presidência da estatal.

A greve dos garis começou no sábado (1º), provocando um acúmulo de lixo durante o Carnaval. Hoje, o problema continua em várias partes da cidade, inclusive no centro, onde o lixo deixado por foliões e ambulantes ocupa as calçadas e os cantos de algumas avenidas. Em bairros onde houve grande concentração de foliões, como Ipanema, Glória e Lapa, o mau cheiro e os resíduos deixados continuam.

A Comlurb firmou acordo com o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio que eleva o piso salarial em 9%, para R$ 874,79. Como têm direito ao adicional de insalubridade, a remuneração dos garis chega a R$ 1.224,70. Os grevistas, no entanto, discordam desse valor e pedem um piso de cerca de R$ 1.200.

O grupo contrário ao acordo diz que a assinatura ocorreu sem consulta à categoria. Dez representantes dos grevistas participaram da reunião em que o acordo foi assinado, mas, segundo eles, a proposta foi recusada quando levada aos manifestantes que aguardavam do lado de fora e isso não foi levado em conta.  Diante da continuidade da greve, a Comlurb anunciou então a demissão de 300 garis que não começaram a trabalhar às 19h de segunda.

O acordo assinado estipula mais 1,68% no Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal, bônus de 100% na hora extra para quem trabalhar aos domingos e feriados, mantendo o direito à folga, como já é previsto em lei; plano odontológico, ampliação do prêmio do seguro de vida de R$ 6,3 mil para R$ 10 mil, aumento do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16, auxílio-creche para ambos os sexos e acordo de resultados, possibilitando o 14º e 15º salários.

Agressões

O funcionário da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) Everaldo dos Santos Vargas relatou ter sido agredido por garis que aderiram à greve da categoria em Campo Grande, na zona oeste da cidade, quando saía para trabalhar junto com a sua equipe.

Garis não grevistas sambam ao limpar entorno do sambódromo

Responsável por chefiar a gerência de Campo Grande, Vargas teria levado um soco no rosto após se desentender com os grevistas. Ele foi levado para o Hospital Estadual Rocha Faria, também em Campo Grande.

Já o gari identificado como suposto agressor se dirigiu ao distrito policial do bairro (35ª DP) a fim de prestar depoimento. Ele assinou o termo circunstanciado, foi liberado e o caso será encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

O presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, afirmou à "CBN" que só aceitará negociar com o sindicato da categoria, que não reconhece a greve iniciada por um grupo de funcionários. Roriz disse ainda que o problema do acúmulo de lixo na cidade deve ser normalizado até a próxima sexta-feira (7). (Com Agência Brasil)