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Aplaudido nas ruas do Rio, gari rejeita título de herói: "precisa melhorar"

Maria Luísa de Melo

Do UOL, no Rio

13/03/2014 06h00

O reajuste salarial conquistado pelos garis da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana) após uma greve de oito dias deixaram Edilan da Conceição Gomes, 43, cheio de planos para os quase R$ 300 que receberá a mais. Ele espera um dia morar fora do Morro da Coroa, na região central do Rio, onde vive desde que nasceu.

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Apesar do movimento grevista ter sido aplaudido pelos cariocas nas ruas do centro do Rio, o gari rejeita o título de “herói”. “As pessoas na rua estão nos parabenizando muito, cumprimentando direto. Mas a gente não chegou a virar herói. Se a gente fosse herói, a gente não estaria sendo tão desvalorizado pela companhia”, afirmou. “Agora, pelo menos, deu um aumentinho bom. Mas ainda precisa melhorar mais. Com o dinheiro do aumento, eu pretendo tentar ajeitar a minha casa e fazer o enxoval do bebê.”

O UOL acompanhou um dia de trabalho de Gomes. Para cumprir a carga horária de sete horas ininterruptas de trabalho coletando o lixo das ruas de Santa Teresa, Gomes acorda às 5h30. Ainda de madrugada, se arruma para o trabalho e se despede do filho de sete anos e da mulher. Ele toma um café da manhã rápido e se prepara para encarar o trajeto de 20 minutos a pé, no sobe e desce do morro. Muitas vezes não sobra tempo sequer para um lanche no meio do trajeto, e ele só se alimenta já na hora do almoço.

Em acordo firmado no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), os garis cariocas conseguiram reajuste de 37%, e o salário da categoria passou de R$ 803 para R$ 1.100. Conquistaram ainda um reajuste no tíquete-alimentação, corrigido de R$ 12 para R$ 20 por dia.