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Em velório de dançarino, amigos e familiares convocam protesto para domingo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

23/04/2014 18h58

O corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, 26, o dançarino DG, do programa "Esquenta" da "TV Globo", encontrado morto na manhã desta terça-feira (22) em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, começou a ser velado às 17h desta quarta (23), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na zona sul, com a presença de amigos e familiares.

O sepultamento de Douglas está marcado para as 15h desta quinta (24). Uma passeata em protesto contra a morte é convocada pelos moradores da favela para as 14h do próximo domingo (27), na praia de Copacabana, na altura do Posto 5.

Horas depois da descoberta do corpo, moradores do Pavão-Pavãozinho fizeram um protesto que resultou na morte de outro homem, Edilson da Silva dos Santos, baleado na cabeça.

Durante o ato, houve confrontos entre a população do morro e policiais militares da UPP instalada no local desde 2009 e ruas de Copacabana ficaram interditadas.

"A comunidade desceu em peso porque todo mundo ficou revoltado. Ele não tinha nem nunca teve envolvimento com o crime. Se fosse alguém do tráfico, por exemplo, a família poderia ficar revoltada, mas não a comunidade inteira", afirmou uma amiga, uma camareira de 28 anos, que pediu para não ter o nome revelado.

Ela disse que acompanhou o protesto da noite de ontem pela janela do apartamento e viu policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) entrando na comunidade e ameaçando moradores. "O Bope subiu gritando que quem ficasse na frente, mesmo que fosse morador, ia morrer", disse.

Para outra moradora do Pavão-Pavãozinho, que também conhecia Douglas, a segurança no morro é pior depois da instalação da UPP do que antes.

"O que eles [os policiais] têm que fazer, que é reprimir o tráfico, eles não fazem. O tráfico rola solto na frente deles. O que eles fazem é mexer com os moradores que não têm nada a ver com o crime", declarou a mulher, que também não quis ser identificada.

Velório

A ex-namorada e mãe da filha de Douglas --Layla, de 4 anos-- chegou cedo ao velório do dançarino, mas não quis falar com a imprensa. Até as 18h45, a mãe de "DG" ainda não havia chegado ao cemitério. Alguns amigos foram à cerimônia vestindo camisas brancas com uma foto do dançarino.

Uma mulher que acompanhava o velório desmaiou por volta das 18h e precisou ser atendida por socorristas que chegaram em uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela passa bem.