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Protesto acaba com um morto em comunidade com UPP no Rio

Bombeiros apagaram fogo de uma barricada formada por moradores da favela Pavão-Pavãozinho - Gustavo Maia/UOL
Bombeiros apagaram fogo de uma barricada formada por moradores da favela Pavão-Pavãozinho Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, no Rio

22/04/2014 20h32Atualizada em 23/04/2014 07h53

Um homem que aparentava ter 30 anos morreu durante um protesto de moradores da favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, informou na noite desta terça-feira (22) a Secretaria Municipal de Saúde. A vítima foi atingida por um tiro na cabeça, segundo informações do hospital Miguel Couto, na Gávea, para onde o corpo foi levado. Ele já chegou morto à unidade. 

O clima era tenso na região na noite desta terça. O protesto ocorreu em razão da morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25, o DG, um dos dançarinos do programa "Esquenta", da "TV Globo". Houve confronto entre PMs e manifestantes.

DG, dançarino supostamente morto no morro Pavão-Pavãozinho, no Rio - Reprodução - Reprodução
Douglas Rafael da Silva Pereira, 25, o DG
Imagem: Reprodução

Um menino de 12 anos foi baleado quando descia a ladeira San Roman, na esquina com a rua Sá Ferreira. Segundo relatos de testemunhas, ele estava sozinho e com as mãos para o alto. 

O corpo de DG foi encontrado nesta manhã dentro de uma escola municipal. A mãe dele, identificada como Maria de Fátima, disse que ele não morava na comunidade e havia ido até lá para visitar a filha.

"Bateram nele e quando viram que era um menino da 'Globo' tentaram esconder o corpo. Meu filho seria mais um Amarildo se não tivessem visto o corpo dele", afirmou.

Em nota, a Polícia Civil informou que a análise do IML (Instituto Médico-Legal) mostrou que as escoriações são "compatíveis com morte ocasionada por queda". Não teriam sido encontradas marcas de disparos, informou a instituição.

No começo da noite, os manifestantes fizeram barricadas de fogo --pelo menos um carro foi incendiado. Com isso, a avenida Nossa Senhora de Copacabana precisou ser interditada. O comércio local fechou as portas. Policiais militares do 23º BPM (Leblon) foram acionados para conter a revolta dos moradores. O principal foco de confronto se deu em um dos acessos à favela.

A PM utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo na tentativa de dispersar os manifestantes, que responderam com pedras e paus. Testemunhas relataram terem ouvido disparos de armas de fogo por parte dos policiais militares. Por volta das 18h, a situação se agravou e a PM enviou para o local equipes da Tropa de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).

Mais cedo, a base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Pavão-Pavãozinho foi alvo de ataques de criminosos, segundo informações da Polícia Militar. O 23º BPM informou que, no alto da favela, policiais militares chegaram a ficar encurralados no decorrer do protesto.

O trânsito no Túnel Sá Freire Alvim e na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, altura da Rua Sá Ferreira, foi liberado por volta de 0h30 desta quarta-feira. Ambas as vias haviam sido fechadas no início do protesto.

A concessionária Light informou que o fornecimento de energia na comunidade foi interrompido pela manhã, mas que o problema não tem relação com a manifestação. Não há previsão de volta por medida de segurança. *(Com Band e Agência Brasil)