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No Rio, rodoviários ameaçam fazer greve toda semana até a Copa

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

08/05/2014 12h27Atualizada em 09/05/2014 10h25

O líder da greve dos rodoviários no Rio de Janeiro, Hélio Theodoro, afirmou nesta quinta-feira (8) que, caso os patrões não aceitem negociar, o movimento fará paralisações semanais de 24 horas até a Copa do Mundo. Segundo ele, pelo menos 80% dos motoristas e cobradores das empresas que operam linhas de ônibus no Rio estão de braços cruzados desde o primeiro minuto desta quinta-feira (8). Nesta sexta, a categoria deve voltar a trabalhar normalmente, informou Theodoro.

"Amanhã, às 16h, faremos uma passeata da Candelária até o Ministério Público do Estado [no centro da cidade]. Nós não queríamos parar, mas não houve outra opção a partir do momento em que eles não sentaram na mesa para negociar. Não fomos procurados em momento algum. Se a conversa não existir, a categoria está disposta a parar de novo. Faremos uma paralisação por semana até chegar na Copa, e depois será greve por tempo indeterminado", disse.

Procurado pela reportagem do UOL, o Rio Ônibus informou não ser possível estabelecer diálogo com os grevistas, uma vez que o movimento "não possui lideranças" e ocorre à revelia das decisões da categoria. O Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro), que representa 40 mil trabalhadores rodoviários, disse que não organizou a greve e, em nota, afirmou que considera a paralisação "uma atividade com fundo político".

Theodoro explicou ainda que o movimento não tem relação com a greve em outras cidades. Florianópolis, Campinas e o grande ABC também amanheceram com greves de motoristas e cobradores que não foram informadas previamente. "Por incrível que pareça, nada foi planejado. Nem sabíamos que existiria greve em outros lugares. Foi uma mera coincidência", declarou.

Questionado sobre os ônibus depredados por grevistas --de acordo com o Rio Ônibus, 467 veículos foram vandalizados nesta quinta--, Theodoro afirmou ter presenciado casos isolados, e questionou o balanço divulgado pelo sindicato patronal.

"Isso aconteceu, com toda certeza, principalmente na zona oeste. Eu mesmo presenciei alguns fatos. Mas toda ação gera uma reação. Alguns rodoviários que não aderiram à greve queriam tirar os ônibus de qualquer maneira. Chegaram a jogar o ônibus em cima da gente. O pessoal jogou pedra para se defender", relatou ele. "Achei que esse número divulgado por eles é exagerado. Particularmente, só vi isso acontecer com quatro ônibus. Mas é sempre assim. Eles [patrões] nos tratam como marginais", finalizou.

Segundo os números mais atualizados da Rio Ônibus, de 2012, 8.700 ônibus estavam em circulação pela cidade. Por dia, geralmente, os ônibus atendem a cerca de 3 milhões de passageiros. Segundo as empresas, cerca de 30% da frota está circulando.

Motoristas e cobradores em greve reivindicam aumento salarial maior que os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus, o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica, de R$ 150 para R$ 400.

"Não serei candidato", diz líder grevista

Theodoro disse ser filiado ao PEN (Partido Ecológico Nacional), o que foi confirmado pelo presidente do diretório estadual da legenda, Chiquinho, mas reclamou das acusações de que estaria utilizando a greve para promover uma eventual candidatura na eleição desse ano.

"Quem tem boca, fala o que quer. Os panfletos que estão sendo distribuídos foram doados pelo Sindicato dos Comerciantes de Nova Iguaçu. O nosso carro de som foi cedido pelo Sindicato dos Petroleiros. Há outros sindicatos que nos apoiam. Eu não serei candidato e não há cunho político na nossa paralisação", comentou o rodoviário. "Ser filiado a um partido não significa que você vai ser candidato", completou.