Topo

Limeira (SP) implanta reconhecimento facial em ônibus para evitar fraudes

O prefeito Paulo Hadich (PSB) testa o novo sistema de biometria facial implantado em ônibus de Limeira - Michele Pampanin
O prefeito Paulo Hadich (PSB) testa o novo sistema de biometria facial implantado em ônibus de Limeira Imagem: Michele Pampanin

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

16/06/2014 06h00

Os ônibus do transporte municipal de Limeira (151 km a noroeste da capital paulista) foram equipados com sistema de biometria facial, que reconhece o rosto das pessoas, para identificar possíveis usos irregulares dos cartões que garantem gratuidade para passageiros idosos ou descontos para estudantes. O uso começa nesta segunda-feira (16).

Limeira é a primeira cidade da região a empregar essa tecnologia e a terceira no Estado de São Paulo -- já é usado em parte da frota de Águas de Lindoia e Piracicaba. O equipamento já foi instalado nos 140 ônibus da frota municipal. O custo de implantação foi de R$ 1 milhão, bancados pelas empresas permissionárias responsáveis pelo transporte público (Rápido Sudeste e Viação Limeirense).

Os equipamentos de biometria irão possibilitar a identificação dos usuários que utilizam a gratuidade do serviço e bloquear os cartões usados de forma indevida. O objetivo principal é reduzir as fraudes.

O município atende 1,85 milhão de passageiros mensalmente, e a gratuidade atinge 30% dos transportados, ou seja, cerca de 555 mil viagens. A meta é baixar o índice para 20%, o que equivale a 185 mil passagens. A tarifa na cidade custa R$ 2,75. A medida pode resultar numa economia de R$ 508 mil por mês.

Segundo o prefeito Paulo Hadich (PSB), o combate às fraudes permitirá melhorias no transporte. “Com a biometria facial, vamos conseguir de imediato reduzir as fraudes. Hoje, cartões de idosos são usados por jovens e os de estudantes por adultos. Mas o sistema não vai apenas identificar as irregularidades. Será possível mapear os hábitos dos usuários e como vem sendo usado o transporte público na cidade”, afirmou.

Segundo a secretária de Mobilidade Urbana, Andréa Soares, a decisão de instalar os equipamentos foi tomada porque o número de gratuidades é muito alto. “Foi diagnosticado que o uso está bem acima da média de outras cidades. Há casos, por exemplo, em que uma mesma pessoa realiza até 20 viagens de ônibus por dia”, disse.

O sistema não faz contato físico com o passageiro. Isso foi um fator determinante para a escolha do modelo. “Optamos pelo sistema de biometria facial por não haver o contato físico com o passageiro, que nem percebe a existência do sistema", explicou ela.

Funcionamento

Quando o usuário passa pela catraca com o cartão, uma câmera dispara oito fotos, que são descarregadas quando os ônibus voltam à garagem. A partir daí, é feito um processamento e as divergências entre a foto do titular do cartão e as imagens do passageiro são automaticamente separadas para uma segunda triagem.

Caso seja confirmada a fraude, os cartões vão ser bloqueados. “O sistema transforma o rosto da pessoa em números matemáticos, com relações de distância entre os elementos da face. Então o passageiro não precisa se preocupar que no dia do cadastro [do bilhete] o rosto estava de um jeito e agora de outro”, relatou a secretária.

Segundo Hadich, quem for flagrado utilizando irregularmente o cartão também será denunciado à polícia por falsidade ideológica. O dono do cartão não perderá o benefício, mas pode ser denunciado se ficar comprovado que emprestou o cartão para alguém. “As gratuidades são previstas em lei e a pessoa que tem esse direito, como idosos, estudantes e deficientes, não irá perder o benefício, mas terá de desbloquear o cartão e poderá responder por crime, caso tenha fornecido seu cartão a um terceiro”, afirmou.