MPF recomenda início imediato de racionamento de água em SP
O MPF-SP (Ministério Público Federal em São Paulo) recomendou, nesta segunda-feira (28), que o governo de São Paulo apresente projetos para o início imediato do racionamento de água na região metropolitana abastecida pelo Sistema Cantareira.
A recomendação, que faz parte de um inquérito civil público para apurar a crise hídrica no Estado, tem como objetivo evitar um colapso dos reservatórios que abastecem 45% da região metropolitana e se baseia em um estudo da Unicamp que indica que o volume do Cantareira pode acabar em menos de 100 dias.
O MPF-SP critica que o governo de Geraldo Alckmin e a Sabesp descartaram o racionamento e estabeleceu apenas a concessão de descontos a quem economizar água, apesar da previsão de poucas chuvas nos próximos meses e dos baixos índices dos reservatórios.
O governador Geraldo Alckmin e a Sabesp têm 10 dias para informar as providências a serem tomadas em relação à recomendação. O MPF não descarta a adoção de medidas judiciais caso a recomendação não seja seguida.
Em nota, a Sabesp disse discordar da recomendação do MPF, e que um eventual racionamento "penalizaria a população e poderia produzir efeitos inversos daqueles pretendidos pelos procuradores". "Os esforços feitos pela população e pela Sabesp até o momento equivalem à economia que se obteria com um rodízio de 36 horas com água por 72 horas sem água. A Sabesp tem 40 anos de história e os melhores especialistas da América Latina em saneamento. Portanto, tem convicção das medidas adotadas", informou.
Na semana passada, dois meses após o início do volume morto do Sistema Cantareira, a Sabesp informou que poderá captar água em outras duas reservas profundas, agora do Sistema Alto Tietê, a partir de agosto, para abastecer a região da Grande São Paulo.
Hoje, o nível do Sistema Cantareira está em 15,8%, e do Sistema Alto Tietê, em 21,3%. Neste mesmo dia, em 2013, o nível do Cantareira estava em 53,8% e o Alto Tietê, em 63,7%.
Mais água do volume morto
A Sabesp estuda retirar uma segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira para garantir a vazão atual. A proposta pode deixar o nível do principal manancial paulista no vermelho em até 30% para o início de 2015. A concessionária busca aval dos órgãos gestores para captar mais 116 bilhões de litros da reserva profunda dos reservatórios, além dos 182,5 bilhões que começaram a ser sugados em junho e devem acabar entre outubro e novembro.
Alckmin reconheceu nesta segunda que a Sabesp poderá captar uma segunda cota do "volume morto" do sistema Cantareira, caso a escassez de chuvas se estenda até setembro.
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